Incorporando uma combinação de composições da sua estreia em
2018, “Collagically Speaking”, e modernas imaginações de outras composições, esta
nova gravação ao vivo documenta uma residência do R+R=Now no clube Blue Note de
Nova York.
A primeira faixa, “Respond”, é uma vez mais uma manifesta
chamada e uma declaração de intenção, servindo como uma impressão sonora de
foguetes em cascata. O trompete melancólico de Christian Scott aTunde Adjuah
clama através de um filtro, reforçado pelo lento borbulhar de Justin Tyson na
marcha da bateria. As linhas dos sintetizadores de Taylor McFerrin, reminiscentes
do clássico de Herbie Hancock dos anos 1980, serpeteando através da faixa, que
gira diretamente na versão de “Been On My Mind”.
O tecladista Robert Glasper diz que R+R representa “Reflect and respond NT: Reflete e
Responde” ecoando o sentimento de Nina Simone que “uma obrigação de um artista,
tão longe quanto eu estou preocupado, é para refletir os tempos”. Em uma
entrevista com seu então marido, Andy Stroud, ela continuou, “Neste tempo crucial
em nossas vidas, quando todas as coisas estão tão desesperadoras, quando cada
dia é matéria de sobrevivência, eu não penso que você pode ajudar, mas ser
envolvido”.
Um espírito latente de sobrevivência permeia o álbum, e
Adjuah nota que a banda é composta por negros na linha de frente, menos que no
afluente fundo, declarando que “nós fomos através de algum inferno, lutamos por
algumas coisas, construímos um pouco de blindagem, e fazemos um pouco de nós
mesmos forjar nossas realidades, para vir a ser o que nós somos”. Ele adiciona,
“Nós todos estamos muitos cônscios de que, assim, a qualquer momento, nós nos
juntamos, é uma celebração”. Gravado em 2018, “R+R=NOW Live” é prova de tal
celebração, lançado no tempo em que necessitamos de mais.
Bordeiam efeitos—uma ferramenta integral dos discos de DJs
dos anos 1970 — que são enfiados ao longo da combinação aqui. Efeitos, em geral,
são elementos cruciais e texturais no álbum, fornecendo a música com uma névoa
fluorescente.
A interpretação da banda para “How Much A Dollar Cost” de
Kendrick Lamar (coescrita pelo tecladista Terrace Martin) é intencionalmente dissonante,
devolvendo, então, a reconstrução em si mesma, a meio caminho, ainda que
estabelecndo um contagiante balanço. “Change Of Tone” inicia com acordes limpos
que traz à mente o clássico Kool and the
Gang de “Summer Madness”, criando caminho para os sintetizadores, que soam
com manifesta curiosidade. Os suspiros polirítmicos na faixa são revigorantes,
criando tensão entre Glasper e Tyson, justaposta com uma tranquila coda.
“Perspectives/Postpartum” (um medley de
composições escritas por McFerrin e Adjuah, respectivamente) encanta: o sonho
sintetizado em valsa de Adjuah explode no clímax de McFerrin. A coluna rítmica
de “Need You Still”’ é reminiscente de “All Matter” de Glasper. E “Resting
Warrior”, a faixa culminante em 25 minutos, é amplificada pelo polegar no piano,
utilizando um antigo instrumento para promover o enlace entre o passado e o
futuro no álbum, que é mais sobre o agora do que sobre o amanhã.
Faixas:
Respond; Been On My Mind; How Much A Dollar Cost: Change Of Tone;
Perspectives/Postpartum; Needed You Still; Resting Warrior. (74:37)
Músicos: Robert
Glasper, teclados; Christian Scott aTunde Adjuah, trompete; Taylor McFerrin, sintetizador;
Terrace Martin, sintetizador, vocal, saxofone; Omari Hardwick (6), vocal;
Derrick Hodge, baixo; Justin Tyson, bateria.
Nota: Este álbum foi
considerado, pela DownBeat, como um dos melhores de 2021 com a classificação de
4 estrelas.
Fonte:
Ayana Contreras (DownBeat)
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