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quinta-feira, 7 de abril de 2022

WAYNE ESCOFFERY – THE HUMBLE WARRIOR (Smoke Sessions)

A educação musical do saxofonista tenor Wayne Escoffery não iniciou no instrumento, que lhe renderia um Grammy, como parte da Mingus Big Band. Ele começou no histórico Trinity Choir of Men and Boys em New Haven, Connecticut, uma cria da Yale University, onde sua mãe trabalhava. O saxofone veio depois, no ensino médio, finalmente suplantando a voz como seu instrumento de escolha. Porém, Escoffery nunca esqueceu as emocionantes harmonias vocais dos seus dias de coro. Seu álbum mais recente, “The Humble Warrior”, está repleto delas.

Escoffery devota quatro das 10 faixas do álbum para a reconfiguração jazzística do trabalho do coral do compositor Benjamin Britten, “Missa Brevis In D”, que ele cantou quando criança. Para a seção “Kyrie”, o líder interpreta o tema vocal de Britten como uma introdução free, às vezes provocantes, às vezes arranjos tempestuosos da sua banda regular (o pianista David Kikoski, o baixista Ugonna Okegwo e o baterista Ralph Peterson). Porém, em “Sanctus”, sua recapitulação, ele se espalha em três partes através de um contigente saxofone, trompete (Randy Brecker) e guitarra (David Gilmore), mantendo a circularidade exultante do original, mesmo com os solistas filtrando suas linhas clássicas através das lentes do moderno jazz. A parte mais encantadora é o dueto de saxofone e voz em uníssono em “Benedictus” entre Escoffery e seu filho Vaughn, com 11anos —a idade de Escoffery, quando ele se uniu ao coro Trinity.

Em 2016, Escoffery retornou a New Haven como professor do departamento de jazz da valorizada Yale School of Music (Coincidentemente, ele agora ensina na mesma sala onde ele começou seus estudos de saxofone). No ensino sobre as tradições do jazz, ele ficou curioso com uma canção de blues rústico de Ed Lewis, “I Be So Glad When The Sun Go Down”, que inspirou sua composição, que veio a ser a faixa de abertura do álbum, “Chain Gang”. Seu objetivo, aqui, era enfatizar a conexão entre a canção de trabalho—a espontânea expressão do escravizado— e o jazz. Neste caso, composição moderna de Escoffery para quarteto invoca o impiedoso frenesi da vida contemporânea, como todas as canções de trabalho, “Chain Gang” é parte comentário e parte enfrentando o mecanismo.

Porém, na faixa título, outra inédita, que é seu mais forte manifesto sobre músicos, cujos trabalhos galvanizaram sua própria carreira. Os “guerreiros humildes” em sua vida foram mentores como o saxofonista Jackie McLean e os pianistas Mulgrew Miller e James Williams, músicos que colocam, ou colocaram, o trabaho artístico e humanidade à frente do interesse próprio. Seu tributo os centraliza na dinâmica entre o trompete e o saxofone; Escoffery usa a fusão de harmonias imponentes em duas partes, solos entrelaçados em uma persuasiva afirmação sobre o poder da sinergia musical. O soberbo toque dos membros do quarteto — Kikoski, Okegwo e Peterson, guerreiros humildes ao seu próprio modo—fortalece o claro sucesso dos solistas em seu esforço.

Faixas: Chain Gang; Kyrie; Sanctus; Benedictus; Sanctus (Reprise); The Humble Warrior; Quarter Moon; Undefined; AKA Reggie; Back To Square One. (63:04)

Músicos: Wayne Escoffery, saxofone; David Kikoski, piano; Ugonna Okegwo, baixo; Ralph Peterson, bateria; Randy Brecker, trompete; David Gilmore, guitarra; Vaughn Escoffery, vocal.

Para conhecer um pouco deste trabalho, assistam ao vídeo abaixo:

https://www.youtube.com/watch?v=UF196uIsvhs

Fonte: Suzanne Lorge (DownBeat)  

 

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