Desde que migrou da sua nativa Argentina para os Estados
Unidos para estudar em 2001, o tecladista Leo Genovese tem sido um inveterado
colaborador, trabalhando, mais famosamente na banda liderada pela baixista Esperanza
Spalding, enquanto também trabalhava com pessoas como Tom Rainey, Oscar Feldman
e Jason Palmer. Ele realizou um par de gravações como líder, também. Porém,
este novo trio formado com o baixista Mariano Otero e com o baterista Sergio
Verdinelli, antigos companheiros de sua terra natal, que tocavam com grandes
estrelas sulamericanas do pop-rock em adição ao extensivo trabalho em jazz, estão
firmemente em modo coletivo. Otero compôs tudo aqui, exceto duas músicas, mas o
foco real é finamente sintonizado na harmonia entre os instrumentistas, que habitualmente
acelera e resolve tensões como é a jogada mais desfrutável.
Em “Blues” de Genovese, o trio interpreta com ritmo como um
gato que persegue um rato sem ajuda. Sobre um lustroso balanço, ainda que
idiota —com uma linha de baixo passeando rapidamente, e transfigurando-se em
uma sombra para o suingue fraturado da bateria—Genovese revela um contagiante
sentimento de soul-jazz. “3 Grooves” uma das diversas performances batizadas
pelos golpes do pianista à la Monk, quase como um jogo de vídeo, com novas
configurações emergindo como se eles fossem uma correia transmissora, forçando
os músicos a se adaptarem. A exploração impressionista de “El Mar” parece ser
uma homenagem a Debussy, mas conforme a peça se desenvolve, ela para
abruptamente—intencionalmente—como se gravação tivesse acabado, gerando uma
espécie de tensão diferente. A sessão inteira transmite um relaxamento no qual,
mesmo os temas mais elegantes são grãos a serem moídos pelo moinho da
improvisação. Há confiança e jovialidade aqui, que permitem aos músicos se arrastar
contra os grãos, alterar o impulso rítmico e pular de volta para a posição
natural.
Faixas: Blues; Pato; 3 Grooves; La Memoria; Ciclones; Klimt;
El Mar; Chewel; Eastwood. (37:23)
Músicos: Leo Genovese, piano; Mariano Otero, baixos acústico
e elétrico; Sergio Verdinelli, bateria.
Nota: Este álbum foi considerado, pela DownBeat, como um dos
melhores lançados em 2021 com a classificação de 4 estrelas.
Fonte:
Peter Margasak (DownBeat)
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