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domingo, 15 de maio de 2022

MARTIAL SOLAL - COMING YESTERDAY : LIVE AT SALLE GAVEAU 2019 (Challenge Records)

Em 2010, um escritor britânico viajou a Paris para entrevistar o pianista Martial Solal. O endereço que ele forneceu foi o afluente subúrbio Chatou. Na chegada, ao chegar à casa de Solal, o escritor encontrou algo completamente distinto de qualquer músico de jazz, que ele já tinha visitado, uma sofisticada vila burguesa rodeada por um jardim ornamental repleto de árvores maduras, completamente circundada por uma alta cerca de metal. O francês toma seus artistas seriamente e, na evidência desta casa, a mentalidade do escritor apareceu para recompensar os músicos de jazz generosamente. Outros antes dele ficaram, provavelmente, surpresos. "Jean-Luc Godard can be thanked for this – NT: Jean-Luc Godard pode ter o agradecimento por isto, em tradução livre" disse Solal com um sorriso, referindo-se ao diretor do filme, que o contratou para escrever a trilha sonora para o diretor para seu clássico experimental de 1960, “A Bout De Souffle (Sem Fôlego).

Solal, que em 2010, fez 82 anos, ainda recebia royalties do filme de Godard, e foi como ele disse, tivesse ocorrido uma oferta de um prêmio vencedor da loteria, que naquela época, modestamente, lhe assegurou o lugar de pianista da casa do clube de jazz St Germain des Prés, em que vivia uma vida financeiramente precária como qualquer músico de jazz em degrau baixo, em qualquer lugar do mundo. Um pianista tão singular e assimétrico, quanto compositor, como Thelonious Monk, Solal não tinha expectativas em ter dinheiro no banco, muito menos uma casa requintada em Chatou. O incremento da renda em “A Bout De Souffle” ajudou-o a continuar com sua integridade artística antes de considerações comerciais. Para aqueles que são amantes do jazz pode ser tão gratificante quanto foi para ele.

“Coming Yesterday—Live At Salle Gaveau 2019” é, diz Solal, em 2021, seu álbum final. Ele não sabe se seria desta vez, imaginando, em vez disto, que deve ser o início de uma nova trajetória, no qual ele se concentraria nos standards, oito dos quais ele transforma neste álbum (as outras duas faixas, "Coming Yesterday" e "Sir Jack" são inéditas). Porém, agora que está com 93 anos, Solal decidiu se aposentar, embora ele ainda esteja à frente. O álbum é um discurso de despedida elegante e peculiar no qual "Lover Man", "My Funny Valentine" e "Have You Met Miss Jones" estão entre músicas com tratamento tão modernos quanto o dia em que deixou as mãos do compositor. Solal tem sucesso em realizar "Happy Birthday", que soa interessante e invulgar para quatro minutos e meio. Boa viagem, maestro. Desfrute sua aposentadoria.

Faixas : I Can’t Get Started; Coming Yesterday: Medley Ellington; Sir Jack; Tea For Two; Happy Birthday; Lover Man: I’ll Remember April; My Funny Valentine; Have You Met Miss Jones.

Para conhecer um pouco deste trabalho, assistam ao vídeo abaixo:

https://www.youtube.com/watch?v=LyMVT40PySk

Fonte: Chris May (AllAboutJazz) 

 

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