O resultado da profundidade impulsionada pela pandemia
dentro do brilho de Charlie Parker, “Love Bird” de Kevin Sun, é uma tomada original,
engenhosa e atraente do grande legado do cofundador do bebop. Sobre 15, majoritariamente
breves, faixas realizadas com colaboradores compatíveis, o premiado
instrumentista Sun, admiravelmente, identifica, mistura e redobra linhagens
melódicas, estratégias rítmicas e implicações harmônicas derivadas de pedaços
da obra de Parker — música que o jazz desenhou por 75 anos — dentro de novos
sons e formas revelatórias e de entretenimentos.
Impressionantemente, entretanto, este álbum estabelece-se em
si mesmo. As interações livres dos instrumentos de sopro de Sun e do trompetista
Adam O’Farrill deve relembrar Bird e Dizzy Gillespie, Ornette Coleman e Don
Cherry, Steve Coleman e Jonathan Finlayson, ou apenas dois companheiros jogando
amigavelmente com frases musicais curtas por trás e adiante, e está igualmente
satisfatório em qualquer caso. Há reconfigurações conceituais de clássicos como
“Klact-oveeseds-tene”, mas, sem conhecimento de fontes da esquadra instrumental,
toca e intereage ainda de forma fina.
O som do saxofone de Sun é mais leve que o de Parker e mais
aprumado que obstinado, mas ele é virtuoso e emotivo, também. Ele usa seu
clarinete economicamente e o seng (NT: é um instrumento musical chinês que
consiste de tubos verticais e é o precursor do harmônio e do acordeão) brevemente
em “Du Yi’s Choir”. O guitarrista Light é ouvido nas faixas onde o sutil pianista
Li (verifique seu solo de parar o tempo e invulgar em “Dovetale”) está ausente.
Ele prova habilidade em tempos rápidos como em “Onomatopoeia” como é o baixista
Stinson e o baterista Honor, espertos, não dominam plenamente. “Love Bird”, a
propósito, significa “amor” ou “coração”, apropria-se deste projeto meticuloso,
ainda que seja de devoção brincalhona.
Faixas:
Greenlit; Adroitness, Part I; Adroitness, Part II; Composite; Onomatopoeia;
Dovetail; Cheroot; Du Yi’s Choir; Big Foot; Sturgis; Schaaple (intro); Schapple
From The Appel; Salt Peanuts; Arc’s Peel; Talk-overseed-nete
(Klackct-oveereds-tene). (43:19)
Músicos:
Sun, saxofone tenor, clarinete, sheng;
Adam O’Farrill, trompete (9–13); Max Light, guitarra (5, 8, 15); Christian Li,
piano e Fender Rhodes (2–4, 6, 9,
13); Walter Stinson, baixo; Matt Honor, bateria.
Nota: Este álbum foi considerado, pela DownBeat, como um dos
melhores lançados em 2021 com a classificação de 4 estrelas.
Fonte: Howard Mandel (DownBeat)
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