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sexta-feira, 8 de julho de 2022

BILL EVANS – BEHIND THE DIKES: THE 1969 NETHERLANDS RECORDINGS (Elemental) / BILL EVANS TRIO - ON A FRIDAY EVENING (Craft)


Bill Evans, como perito (e como perito em seu próprio modo), emergiu em seu caráter distinto plena e fundamentalmente formado. Parte da liberdade com artistas tais como Miles, Coltrane ou Ornette encontra-se em suas eras Darwinianas, examinando pontos evolucionários entre as eras, talvez escolhendo uma era como sua. Evans está mais próximo de uma vela queimando na escuridão. Você deve iluminar seu calendário e concentrar-se na chama conforme cintila, abranda um microssegundo pelo estímulo, por oxigênio e, quase instantaneamente, brota de forma ascendente mais uma vez. Pouco a pouco impulsiona a chama. Passeia onde ela vai, ainda que conectada sempre com seu pavio. Na vida real, a flama gotejou antes do tempo certo, porque Evans, mantenedor da música, deixou tristemente desacompanhado o estímulo do seu próprio corpo, sua própria manifestação polida do corpo.

Desde que ele morreu aos 51 anos, nós veneramos cada nota gravada que ele deixou. O lançamento de mais duas gravações arquivadas (junto com cinco CDs da carreira retrospectiva, “Craft’sEverybody Still Digs Bill Evans”, o quinto disco, tem o conteúdo idêntico a “On a Friday Evening”) deixa o pianista quase tão atarefado, 40 anos após seu sepultamento em Louisiana, quanto estava em vida. “On a Friday Evening” nos presenteia com uma noite no agora extinto OilCanHarry’s, Vancouver, British Columbia, 1975. O baixista é Eddie Gomez (que se juntou a Evans em 1966 e permaneceu até 1977) e o baterista Eliot Zigmund. O trio mantém-se relativamente disperso, mas com ricas construções. Gomez trabalha com lógica sonora com linhas simples para seus solos, em vez do furiosos e complicadas manchas ouvidas em “Behind the Dikes”. Mesmo “TTT (Twelve Tone Tune)”, um exercício de construção harmônica não convencional parece segura em seus fundamentos, abordado com uma segurança coletiva nestas águas inexploradas ainda no prumo dos seus próprios conhecidos arranjos de maremoto.

Por trás de “Dikes” reúnem-se dois trabalhos em Hilversum, Holanda, em 1969. Gomez a bordo, Marty Morell na bateria. Nenhum trio de Evans pareceu sem sintonia, mas a flama está, decididamente, com ângulos singulares aqui. Gomez conecta os pontos das estrelas para modelar novas constelações. Morell encontra um sistema solar ou dois em seus apêndices de metal— deixando o timbau cair pesadamente e derrama abertamente, fechando-o para tiques de estalidos, tentando os toques mais luminosos no passeio e toque dos pratos para comparação/contraste. Evans deixa cada companheiro com sua voz distinta e dá-lhes locais de honra em toda conversa. Para ele mesmo, ele deixa os acordes na mão esquerda tocar, quando ele os sente, acopla estes acordes às pegadas da mão direita, nunca se exibindo, nunca excedendo, mantendo-se, sublimemente, seguro.

“É realmente um documento esplêndido”, o pianista Vijay Iyer disse, especificamente de “Behind the Dikes”, mas, de qualquer forma, é uma sessão ao vivo de Evans em espírito. “Especialmente desde que seja ao vivo, ela está tentando alcançar o público.… Eles estão tentando construir algo consistente, esculpir uma experiência para todos na sala, e este é o desafio”. Isto é o que Evans realizou em cada noite, 10 flamas cintilantes construídas por 10 dedos.

Fonte: ANDREW HAMLIN (JazzTimes)


 

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