O último lançamento da vocalista Janis Mann e do pianista
Kenny Werner, “Dreams Of Flying”, combina sessões em estúdio e performances ao
vivo, gravado durante três anos, em pedaços, em costas opostas dos Estados
Unidos, com diferentes músicos no acompanhamento. No papel, isto firmemente soa
como uma receita para um programa coerente. Todavia, graças à concordância
simpática entre estes dois músicos veteranos, o resultado é um maravilhosamente
coerente álbum de 63 minutos.
O duo juntou-se ao baixista Drew Gress e ao baterista Duduka
Da Fonseca para uma sessão em 2016 para uma gravação em estúdio no Samurai
Hotel no Queens, e em 2019, os colíderes apresentaram um trabalho com canções
em duo e trio (com o guitarrista Larry Koonse) em frente de uma audiência
tranquila no Capitol Studios construído
em Hollywood. Cada faixa no programa brilha, se o quarteto está com uma emoção
persuassiva do sucesso de 1985 de Stevie Wonder, “Overjoyed”, ou Mann está
demonstrando seu impressionante vocal, comandando uma leitura aventurosa em
oito minutos, em trio para “Who Knows Where The Time Goes” de Sandy Denny.
Mann e Werner— que colaboraram em um disco em 2013, “Celestial
Anomaly”—provam, uma vez mais, que o sucesso de um esforço jazz-encontra-cabaret
baseia-se não apenas em fortes melodias, mas também em esculpir arranjos, que
exibem o vigor individual dos instrumentistas.
A versão do quarteto da balada melancólica de Paul Simon, “I
Do It For Your Love”, apresenta rica e coloração a baixo custo, cortesia do
baixo assombroso de Gress. Quando o quarteto gravou “American Tune” de Simon pouco
eles sabiam, que gerariam um lamento apropriado para a era pandêmica. “I don’t know a soul who’s not been
battered/ Don’t have a friend who feels at ease. NT: Eu não conheço uma alma que não foi
maltratada/ Não ter um amigo que se sente à vontade, em tradução livre”
Mann canta, adicionando posteriormente, “When I think of the road we’re
traveling on/ I wonder what went wrong/ I can’t help it, I wonder what went
wrong/ And I dreamed I was dying.NT:
Quando eu penso sobre a estrada, que estamos viajando/ Eu surpreendo-me que
estava errado/ Eu não posso ajudá-lo, eu imagino que estava errado/ E e eu
sonhei que estava morrendo em tradução livre”.
Mann e Werner são, também, aficionados do compositor Jimmy
Webb, representado aqui por “The Moon Is A Harsh Mistress” e “Wichita Lineman”.
Na interpretação da última, Werner elabora dois diálogos harmônicos
interligados e fascinantes: um com a linha vocal de Mann e outro com a familiar
melodia da música.
Os compositores destas 11 faixas são todas famosos, mas Mann
e Werner fizeram coisas muito astutas, frequentemente escolhendo uma composição
menos conhecida no repertório dos compositores, tais como “Edith And The
Kingpin” de Joni Mitchell. A mágoa é um motivo no programa, conforme Mann explora
as letras dramáticas de Alan e Marilyn Bergman para uma canção escrita por Johnny
Mandel, “Where Do You Start”, um rompimento mais angustiante das músicas de
sempre. O comentário de Werner, tecendo entre os versos por baixo dos vocais
seguros de Mann, é uma aula magna sobre a acentuação do significado da letra.
Faixas: The
Moon is a Harsh Mistress; Edith and the Kingpin; Wichita Lineman; Overjoyed;
Where Do You Start?; I Do It For Your Love; American Tune; When October Goes;
Inside a Silent Tear; I Remember; Who Knows Where the Time Goes?.
Músicos: Janis Mann: voz; Kenny Werner: piano; Drew Gress:
baixo; Duduka Da Fonseca: bateria; Larry Koonse: guitarra.
Fonte:
Bobby Reed (DownBeat)
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