O violinista Mark Feldman tem sido um perfeito acompanhante,
em torno de centenas de aparições capazes sobre o curso desta carreira, datando
dos anos 1980. Sua técnica inimitável e lirismo impetuoso aparece com perfeito
ajuste em muitos diferentes contextos: em 2020 ele só poderia ser encontrado
reunido com o Arcado Trio em “Deep Resonance (Fundacja Sluchaj) ” de Ivo
Perelman e uma parte fundamental do maravilhoso quinteto de Susan Alcorn em “Pedernal
(Relative Pitch)”. Os próprios lançamentos de Feldman têm, lamentavelmente,
sido mais raros, a menos que seja do seu interesse atuar com soberbo colíder em
trabalhos com a pianista Sylvie Courvoisier, dentre os quais está “Time Gone
Out (Intakt)” em 2019. Voltamos a 2006 para um álbum com apenas seu próprio nome
no topo: “What Exit (ECM) ”, onde ele se reuniu a John Taylor, Anders Jormin e
Tom Rainey. Suas gravações solo são mesmo mais raras que isto, com apenas um
exemplar, “Music for Violin Alone (Tzadik)” de 1994. Tudo isto faz este
esplêndido lançamento solo, “Sounding Point”, realmente, ser muito bem-vindo.
Aqueles familiarizados com o trabalho de Feldman reconhecerá
esta energia irreprimível, que surge do seu instrumento em "As We
Are" como saraivadas de notas, com uso do arco e dedilhado, derramando em
inesgotável suprimento. Para alguém tão sintonizado para trabalhar com simpatia
com colegas, frequentemente ajustando e delimitando seu papel adequadamente, é
uma maravilha ouvi-lo sem restrição. Não é para dizer que há qualquer coisa autoindulgente
sobre a música de Feldman: seus talentos prodigiosos estão sempre a serviço de
uma larga visão, e que é também o caso aqui, tão bem quanto em outras gravações.
Melodia arrebatadora e breves temas emergem e são seguidos, refratados e redefinidos,
mas sempre com uma lógica de direção. Uma peça sombria como a faixa título, a
delicada beleza é quase um desgosto—ajudado, neste instante, por algumas
efetivas multifaixas, que acentuam a vulnerabilidade emocional, tão
frequentemente aparente nas improvisações de Feldman.
Feldman utiliza multitarefas em um par de outras peças também.
"Viciously" oferece um espertamente desvairado retrabalho do standard de Walter Gross, "Tenderly",
no qual soa às vezes como um pequeno batalhão de violinos determinado a reduzir
as músicas em suas partes componentes, com a melodia apenas emergindo
adequadamente. Em "Peace Warriors" de Ornette Coleman ele usa um segundo
e terceiro violino para criar um diálogo intricado durante sete minutos
cativantes da peça.
Porém, estas faixas ao lado, Feldman tem mais criatividade o
bastante para restringir seu toque sem contraste. Se na deslumbrante
"Unbound", que extrai sua potência alternativa de densos agrupamentos
de notas extensas, prolongando outras, ou "Maniac", que tem todo os virulentos
sons suaves, que alguém poderia esperar. Feldman permite cada peça desdobrar-se
no seu próprio mundo sonoro. Feldman tem uma abundância de ideias em “Sounding
Point”, e, em apenas 45 minutos, parece que outro solo oferecido é mais que
justificado. Esperançosamente, não teremos que esperar outros vinte anos para
um outro lançamento.
Faixas : As
We Are; Sounding Point; Peace Warriors; Unbound; Viciously, Rebound; Maniac;
New Normal.
Nota: Este álbum foi considerado, pela DownBeat, como um dos
melhores lançados em 2021 com a classificação de 4 estrelas.
Fonte: Troy Dostert (AllAboutJazz)
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