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sábado, 20 de agosto de 2022

ESPEN ERIKSEN TRIO FEATURING ANDY SHEPPARD - IN THE MOUNTAINS (Rune Grammofon)

Espen Eriksen revela uma surpresa ao final deste memorável álbum ao vivo. Para a faixa final, seu trio toma o tema da canção de Krzysztof Komeda sobre a pancada do terror urbano de Rosemary's Baby (O bebê de Rosemary) de 1968. Inicia com o martelar gótico do piano e os arranhões lúgubres do baixo repondo o vocal da fala feminina "la-la" de Komeda. De novo, ao final, o teclado genial de Eriksen varre a região de uma melancolia abafada, lançada em algum lugar entre o pavor e a contemplação. Vem a ser uma peça que parece articular os muitos mistérios da vida e da morte.

Porém, isto não surpreenderia qualquer um familiarizado com o suspense das gravações assombrosas de Eriksen. Sua música deve bem ser uma trilha sonora de um verão sem fim, mas este apenas ouve sua angelical musa no toque que estão ausentes no ponto. O melhor trabalho de Eriksen teve sempre uma tensão no fio da navalha, onde uma manhã preguiçosa de domingo acena para a obscuridade da noite. Para este lançamento gravado em Oslo e Poland, o trio de Eriksen está unido pelo antigo associado, Andy Sheppard, no saxofone. As sete faixas ampliam suas versões em estúdio em diversos minutos, permitindo espaço extras por estados de espírito para clarear e escurecer ou corações a quebrar e cicatrizar. Sobre uma batida clássica de arrastar aos pés em "1974", Sheppard estabelece a maioria de melodias lentas de Eriksen. Porém, fiel à forma, tudo vira irregular e misterioso com tons menores fluindo através dos dedos de Eriksen, enquanto Sheppard causa o tumulto. "Anthem" então encontra Sheppard brincando com a faixa inédita e com a melodia no baixo em uma performance alegremente impertubável.

Atrelado ao ritmo agressivo em "Suburban Folk Song", Eriksen segue no êxtase de alguém que tem uma natural afinidade com ragas (NT: é como se chamam os modos usados na música clássica indiana. Trata-se de um conjunto de sete svars; nome pelo qual as notas musicais são conhecidas na música clássica indiana. Elas são aplicadas em suas formas "natural", "bemol" ou "sustenido") e o miraculoso. Meio caminho através da qual a audiência pode não se conter e explode em aplauso. Sheppard tocou no estúdio, mas não retrata aqui. Pela primeira vez, ele está comedido. "In The Mountains" Sheppard estrela na forma emocionante ainda que, suportado por uma batida melancólica na conga, que tem mais balanço e granulação do que a contraparte do álbum. Sheppard está ausente do seu estúdio na atuação em "Perfectly Unhappy", assim Eriksen gira ternamente em torno da principal canção. Esta deve ser a performance mais impulsiva do álbum, mas permanece identificável a Eriksen em cada acorde.

"Dancing Demons" tem uma melodia de abertura de clareza tropical, que descende de algo misteriosamente oposto com sua interação do baixo e notas penetrantes. Então, vem um retorno para a pureza aquecida, deixando-nos extasiados na coda como um sonho. Depois disso, esta arrepiante inclinação em "Rosemary's Baby" serve como recordação sobre se o mundo cotidiano de Eriksen venha a ser estranhamente alterado. Finalmente, uma menção especial segue a gravação aqui, onde cada instrumento estronda com verve e agudeza. Tal ressonância orquestral tem sentimento similar a estar na primeira fila.

A música de Eriksen trabalha em algum lugar abaixo da superfície, pesquisando as emoções interiores. E ainda assim, permanece ambíguo o bastante para permitir a cada ouvinte suas próprias visões ou sentimento. Este irresistível álbum ao vivo merece colocá-lo no panteão de grandes.

Faixas: 1974; Anthem; Suburban Folk Song; In The Mountains; Perfectly Unhappy; Dancing Demons; Rosemary’s Baby.

Músicos: Espen Eriksen: piano; Lars Tormod Jenset: baixo; Andreas Bye: bateria; Andy Sheppard: saxofone (nas faixas 1, 2 &4)

Para conhecer um pouco deste trabalho, assistam ao vídeo abaixo:

https://www.youtube.com/watch?v=zBmh1gZt3Ug

Fonte: Gareth Thompson (AllAboutJazz)

 

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