Nós podemos contentar o velho cliché sobre o jazz de Los
Angeles ser capenga, pálido e brando? Alguém que ouviu a batida do metal-jazz do pianista Cameron Graves ou
a complexidade nervosa dos recentes lançamentos de David Binney deveria ter o
bastante para queimar este ultrapassado boato. Agora chega o baixista Billy
Mohler com “Anatomy”, 43 minutos de energia amplificada e excitada que pulsa
com elevada frequência punk rock onde
ele toca
Não por acaso. Mohler está programado pela música pop, um
nominado ao Grammy, cujo currículo brilha com nomes como Liz Phair, Lady Gaga,
Sia e Steven Tyler. Ele é um membro do Jimmy
Chamberlin Complex, uma vertente do projeto do baterista do The Smashing Pumpkins, onde ele toca ao lado
de Chris Speed, cujo saxofone tenor rígido compartilha a linha de frente com o
trompetista Shane Endsley. Como um membro do Kneebody, outra banda de Los Angeles, Endsley está em casa nas
fronteiras onde estão o jazz, punk e contenda eletrônica em termos iguais. O
baterista do Kneebody, Nate Wood, completa
o quarteto sem piano de Mohler, e seu agitado desassossego é essencial para o
som de “Anatomy”. Se Jack DeJohnette viesse para a banda SoCal pop/punk, ele soaria como isto.
Wood e Mohler são amigos desde a infância e o relacionamento
deles é inquebrantável. O baixista gosta de iniciar as músicas estabelecendo um
brinquedo giratório, em ostinato, em movimento, então colide com Wood em um
gatilho sensível para um jogo musical de Mario Kart. Por cima, os líderes são insistentes,
frequentemente modal e vocalizado em uníssono. Eles impulsionam o caminho deles
através da acumulação do ritmo liderado pelo holofote dourado da entonação de Endsley.
Seu solo passa a soar com foco no vigor, enquanto Speed realiza granulosas
exposições no tenor. Eles criam
excelentes ornamentos entre si.
A predileção de Mohler por acompanhamento improvisado relembra
as bandas de Dave Holland dos anos 1980 e 90, mas buscou refletir o stress e a
velocidade da vida urbana em 2020. Ainda mais sob o incessante rodopio, a atividade
desta música reside numa ansiedade —talvez mesmo a reprovação—na tensão e na ostentação
da existência em nosso mundo sempre ligado, sempre a incomodar. Se este mundo
foi criado na Califórnia, está ajustado à música obstinada e premente de Billy
Mohler, que vem direto daqui de Los Angeles.
Faixas: Abstract
1; Fight Song; Nightfall; Equals; Abstract 2; Perseverance; Exit; Abstract 3;
Speed Kills; Moonglow.
Músicos: Billy
Mohler: baixo; Shane Endsley: trompete; Chris Speed: saxofone; Nate Wood: bateria.
Fonte : John
Chacona (AllAboutJazz)
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