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sexta-feira, 14 de outubro de 2022

ANTHONY BRAXTON - 12 COMP (ZIM) 2017 (Firehouse 12 Records)

Houve apenas um lento gotejamento de gravações de Anthony Braxton, mais todas de uma vez, que ele constituiu por um tempo desperdiçado em dois grandes lançamentos. Um é uma caixa de CD com 13 performances de standards. O outro é uma coletânea de gravações de composições inéditas, que forma parte do seu último conceito musical, ZIM Music, doze trabalhos que atinge um total de mais de 11 horas e são lançados em um simples disco Blu-Ray.

ZIM Music é embasada no princípio que Braxton chama "lógica gradiente", que essencialmente se resume à música que constantemente muda sua mente. No folheto que acompanha o Blu-Ray, o próprio Braxton descreve ZIM Music como "um planador que circula em uma espiral descendente e/ou ascendente". Esta música constantemente muda o tempo, volume e conduta, mas em um passo gradual, permitindo-lhe, graciosamente, variar sua forma e foco com diferentes instrumentos ou te juntas ou cai fora da mistura e vem para a frente ou retrocede para o segundo plano.

As performances destas doze composições vêm de concertos ao vivo em 2017 e 2018 e estão em seis, sete e nove formações. Todos têm uma configuração majoritariamente de instrumentos de sopro e cordas, com o núcleo dos músicos em cada peça tendo o próprio Braxton nas palhetas, Taylor Ho Bynum nos instrumentos de sopro, Dan Peck na tuba e Jacquline Kerrod na harpa. Eles estão unidos a um grupo selecionado de instrumentistas adicionais, que variam de unidade a unidade, principalmente Shelley Burgon, Miriam Overlach ou Brandee Younger como uma segunda harpista, Adam Matlock no acordeón e aerofone (NT: Um aerofone ou aerófono é qualquer instrumento musical em que o som é produzido principalmente pela vibração do ar sem a necessidade de membranas ou cordas e sem que a própria vibração do corpo do instrumento influencie significativamente no som produzido), e Tomeka Reid no cello ou Jean Cook no violino. Para as peças em noneto, dois instrumentistas extras são adicionados, Ingrid Laubrock no saxofone e Steph Richards no trompete.

Esta música é, inicialmente, potencializada, mas conforme alguém escuta as peças diferentes, o sentido começa a aparecer. Cada composição é uma longa jornada fascinante. Os músicos tocam linhas, ambos notadas e improvisadas, que são, para a maior parte, muito musicais. A coisa é que eles não as tocam juntas aos mesmo tempo. Há algumas bandas massivas varrendo as audiências, mas majoritariamente os instrumentos tocam melodias entrelaçadas, que às vezes estronda e tritura contra cada outro. Passagens solo geralmente duram muito tempo o bastante para uma impressão no ouvido, mas então a música lentamente se transforma em outra configuração, como um caleidoscópio transformador. O próprio Braxton é frequentemente a voz líder mais impressionante, tocando belamente solos melodiosos no sax alto e soprano, que brilha através do redemoinho em toda a parte. Ocorreram, também, seções de duetos, onde Braxton e Bynum, Peck e Matlock, os dois harpistas, e outras combinações, comprometem-se em conversação eloquente. Em seu acordeón, Matlock entrelaça através da mistura, frequentemente trazendo a coesão musical para vários estouros, grunhidos e trinados de outros instrumentos, enquanto o dedilhar de duas harpas trazem uma incandescência de liberdade celestial sonora em toda a parte. O cello de Tomeka Reid adiciona granulosidade e profundidade, e, quando Jean Cook assume sua cadeira em Compositions 418 através do 420 em violino, ela traz uma textura mais leve e emoção à música. As configurações de sexteto e septeto que compreendem oito das doze peças se sentem relativamente claras e ordenadamente comparadas às quatro peças do noneto, Compositions 413 através das 416. Nestas, a adição de Laubrock e Richards criam um som mais denso, onde os instrumentos de sopro são frequentemente dominantes. Estes especialmente ocorrem quando Laubrock e Richards explodem nas suas próprias tangências, completamente separadas do que Braxton e Bynum estão fazendo.

Anthony Braxton produziu um bocado de música divertida em sua distinta carreira, porém isto é algo da sua complexidade e brilho. É constante a atividade desta música cativante, mas é impossível abarcar tudo com um par de audições. É melhor para simplesmente absorver de primeira sem tentar analisar muito. Os detalhes revelam mais a si mesmo em cada audição.

Faixas : Composition No. 402; Composition No. 408; Composition No. 409; Composition No. 410; Composition No. 412; Composition No. 413; Composition No. 414; Composition No. 415; Composition No. 416; Composition 418; Composition No. 419; Composition No. 420.

Músicos : Anthony Braxton: palhetas; Taylor Ho Bynum: cornet; Dan Peck: tuba; Jacquline Kerrod: harpa; Shelley Burgon: harpa; Tomeka Reid: cello; Adam Matlock: acordeón; Jean Cook: violino; Steph Richards: trompete; Ingrid Laubrock: saxofone; Brandee Younger: harpa; Miriam Overlach: harpa.

Nota: Este álbum foi considerado, pela DownBeat, como um dos melhores lançados em 2021 com a classificação de 4 estrelas.

Fonte: Jerome Wilson (AllAboutJazz)

 

 

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