Poucos músicos argumentariam que Bud Powell foi o último
pianista de bebop. “Eu penso que houve um tempo quando Bud Powell estava
tocando mais que Charlie Parker”, Art Blakey informou em “Art Taylor in Notes
and Tones”—o pensamento é terrivelmente limítrofe. Se você não o verificou, há
muitos lugares para começar: a ebuliente “Bouncing with Bud”, o presságio de
“Dance of the Infidels”, a atormentada “Glass Enclosure”—possivelmente uma
referência para sua institucionalização—para não dizer nada sobre a majestade
suingante e matemática de “Bud on Bach”.
Onde “1962 Stockholm/Oslo” se ajusta na equação? Bem, Powell
teve um final trágico, falecendo em 1966 de uma doença com litania física e
mental, e seu trabalho em seu período final tende a ser entesourado mais por
colecionadores do que ouvintes. Porém, julgando o trabalho de qualquer um por não
ser suas melhores realizações musicais coloca-as em um lugar mais maçante. Mesmo
em queda livre, Powell foi, ainda, frequentemente excelente, e estas faixas não
lançadas previamente destes seus últimos anos são valorosas pesquisas.
Dito tudo isto, embora as performances do trio para músicas
como “Hot House”, “Straight No Chaser” e “I Remember Clifford” sejam estelares,
a qualidade da gravação não é grande coisa. Isto não poderia ter sido evitado. Um
médico e um fã de jazz gravou uma parcela do programa de rádio em Estocolmo. A
impureza resultante —acoplada com o fato de que é uma oferta posterior—faz 1962
Stockholm/Oslo um prazer mais sutil por aqueles já bem informados. Não é sua
primeira parada, mas talvez sua terceira e quarta.
Entretanto, esta música poderia não ter, facilmente,
existido—e literalmente qualquer coisa que este homem tocou é merecedora de ser
ouvida mais de uma vez. Enquanto, esbarrando em tributos modernos para Powell, como
“Bud Powell in the 21st Century” de Ethan Iverson, reserva-se tempo para
passagens mais profundas no repertório de Bud.
FONTE: MORGAN
ENOS (JazzTimes)
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