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domingo, 23 de outubro de 2022

DIEGO RIVERA – INDIGENOUS (Posi-Tone Records)

O velho dito "uma pintura vale por mil palavras" deve ser um cliché, mas também contém um elemento de verdade. Algumas das mais poderosas mensagens não depende de palavras. E quando chega a música, letras não são sempre necessárias para transportar uma mensagem. Tal é o caso com Diego Rivera.

Denominado em homenagem ao famoso artista mexicano, Diego Rivera se estabeleceu como uma grande figura no jazz. Desde 2000, ele tocou saxofone com uma impressionante lista de artistas, incluindo Christian McBride, a Jimmy Dorsey Orchestra, Kurt Elling e Sophie Milman. Ele, também, tem uma comovente lista de gravações próprias, junto com sua atuação como um professor titular de saxofone para jazz na Michigan State University.

Com “Indigenous”, Rivera explora uma paisagem musical e culturas diferentes. Cada faixa do álbum conta uma estória. Muitas destas estórias musicais focam na realidade de eventos passados, mantendo um senso de consciência. O foco aqui, de qualquer modo, não é simplesmente recontar o passado, mas celebrar o futuro. As músicas são destinadas a trazer "um senso de pertencimento e propósito" e esperança por melhores dias à frente.

O álbum inicia com a composição de Cannonball Adderley, "Marabi". Esta canção enriquecedora celebra músicos da África do Sul, que desafiaram o apartheid. Os músicos centrais incluem Helen Sung ao piano, Boris Kozlov no baixo e Donald Edwards na bateria, que estão do topo. Etienne Charles adiciona uma estonteante performance no trompete.

Algumas das canções homenageiam a herança de Rivera. "Sombras Del Pasado", por exemplo, foi inspirada pela Eighth Cavalry Mexican Military Band (NT: Banda da Oitava Cavalaria Mexicana), que viajou para New Orleans durante o passado anos 1800. Diversos membros permaneceram em New Orleans para serem educadores e, como resultado, foram figuras importantes nos dias iniciais do jazz. Entretanto, como Rivera aponta, suas estórias e legado permanecem "nas sombras da História do Jazz ". Uma canção que tem fortes performances de todos os músicos. O alicerce da canção é o ritmo da habañera, que empresta a si mesma a improvisação.

Rivera continua sua homenagem à sua própria experiência com "Aztlán" e "Sabor a Mi". Aztlán foi uma região do Norte do México, que foi encarada como uma terra prometida. O conceito de Aztlán "serviu como um símbolo do movimento Chicano desde os anos 1960". A canção tem uma atraente audição e condução na batida, que é incrivelmente firme. "Sabor a Mi" é um tratamento excelente de "um dos mais famosos boleros da pena de Álvaro Carrillo. Esta canção apresenta Etienne Charles tocando trompete ao lado do sax Rivera em uma espécie de diálogo mundial.

“Indigenous” certamente tem uma forte influência Latina, mas há também, aqui, uma presença global. As canções "Asta Ta Malakia Sou" e "Melina Maria" por exemplo, celebram melodias e cultura grega. A composição de Yakov Rotblit, "Shir LaShalom", é um famoso hino israelense antiguerra.

Rivera também inclui "BLM Plaza", uma canção negociando com a seção de Washington DC, que foi renomeada durante os protestos no verão de 2020. Esta música tem forte elementos de elementos do blues, como demosntra a composição "Purpose", que tenta capturar a forte influência do blues no jazz.

O foco do álbum, de qualquer modo, não é limitado aos humanos; Rivera também inclui sua própria tomada na composição de Stevie Wonder, "The Secret life of Plants", que foi incluída na compilação de 2020, “Tales Of Wonder: A Jazz Celebration of Stevie”. Esta música apresenta fortes performances de Helen Sung ao piano e Rivera no sax soprano, e está destinado a trazer atenção à vida orgânica. Como as notas do álbum sugerem, "humanos não são as únicas formas de vida nativa ao redor do globo".

O nível de musicalidade em “Indigenous” é excepcional, e Rivera usa o jazz para transportar sua mensagem. As músicas incluíram, aqui, discurso de igualdade, justiça e luta. A maior parte, entretanto, representa a celebração da vida e o lado da liberdade com esperança para um futuro mais brilhante.

Faixas: Marabi; Indigenous; The Secret Life Of Plants; Sombras Del Pasado; Asta Ta Malakia Sou; Aztlan; Sabor A Mi; BLM Plaza; Nefeli; Melina Maria; Purpose; Shir LaShalom

Músicos: Diego Rivera: saxofone; Etienne Charles: trompete; Helen Sung: piano; Donald Edwards: bateria; Boris Kozlov: baixo.

Para conhecer um pouco deste trabalho, assistam ao vídeo abaixo:

https://www.youtube.com/watch?v=HpREuP0_Iok

Fonte: Kyle Simpler (AllAboutJazz)

 

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