Após a audição de “Beats” do DLW
(Dell,Lillinger,Westergaard) repetidas vezes, eu cheguei à conclusão que este é
um álbum, atualmente, de heavy metal
(okay, imagine Frank Zappa tocando canções de Mr. Bungle). Sem estar
eletrificado. Torna este som esquisito? Um trio que consiste em um vibrafonista
(Christopher Dell), um baixista (Jonas Westergaard) e um baterista (Christian
Lillinger) que está habitualmente ligado à música avant-garde/novo clássico é
dito que toca metal? Entretanto, se você coloca guitarras elétricas, preferencialmente,
apesar linha melódica usual e o enorme volume ao lado, há paralelos
surpreendentes, mesmo se os músicos não concordem. O que é imediatamente impressionante
sobre “Beats” é a graça surpreendente e a destreza com monótonas frases
musicais e nervosos balanços abstratos do DLW. Também, as peças individuais
empregam a filosofia clássica de DLW: por exemplo, pedalando através dos passos
de um acompanhamento improvisado e tecendo juntos os espaços entre notas com
raios de delicadeza e minimalismo superseco. O vibrafone de Dell soa como uma sonora
jack-o’-lantern (NT: Jack-o'-lantern é o
apelido em língua inglesa dado a uma abóbora iluminada feita como enfeite para
o Dia das Bruxas), expõe, severamente, Westergaard e a atividade febril
de Lillinger ameça impulsionar as peças em fragmentos.
“Beats” é o terceiro título do trio. A gravação oferece uma
continuação da pesquisa deles a partir de “Grammar I” e “Grammar II”. Diversos
dos seus predecessores, entretanto, “Beats” opera diferentemente: “In Grammar I
e II”, largas formas foram criadas através do processamento de estruturas mínimas.
Por outro lado, a pesquisa musical em “Beats” desbasta uma larga superestrutura
em unidades mínimas, que são então processadas através de procedimentos de
repetição e reconfiguração. Christopher Dell explana. O resultado é que “Beats”
suínga menos abstratamente que outros álbuns. Consequentemente, bastante balanço.
Mesmo assim, a batida permanece no foco, que não é realmente surpreendente
quando três instrumentos rítmicos estão em ação. No processo, os três instrumentos
fundem em monstruosa, espaçosa percussão geradora. Apesar de melodias
frequentemente só aparecem em repetitivos acompanhamentos improvisados
(“Configuration II“ e “Configuration IX“), esta música não é de modo algum excessivamente
intelectual. Respira e atualiza. Discretamente coloca entonações que formam um
entrelaçamento, que não deve convidar um zumbido como companhia, mas não é,
tampouco, atonal. Notas vêm hesitantemente do vibrafone, que em combinação com
ataques de baixo de Westergaard formam uma lava pronta, que flui
irresistivelmente e impulsiona a música para frente. A bateria estabelece
batidas estilhaçadas contra ela, diversas assinaturas do tempo perseguindo cada
um como uma máquina bateria e baixo, que se pôs selvagem. O que é mais: Todas
as coisas são uma enorme disciplina coletiva. E ainda assim há momentos
brilhantes, quando as peças parecem rarefeitas (“Configuration XII“). Não é
apenas matematicamente sequências entrelaçadas, que constroem tensão, mas
também adoravelmente aplicado, sons ternos diretamente tomados por um filme
francês da Nouvelle Vague dos anos 1960.
O som, que foi conscientemente produzido e designado, é
muito vívido, poderoso, quase hiper-real. Além dos instrumentos, você pode
ouvir os músicos respirando, que traz o ouvinte mais próximo para a ação. Sob
estas condições, as peças giram para um enigma acústico. Eles chamam isto
“multiprojeção linear“ ou “improvisação estruturada em vez de geringonças do free-jazz
“, conforme Christian Lillinger coloca.
Em seu melhor, “Beats” pode ser impressionante pela surpresa,
com momentos deslumbrantes aninhados dentro de configurações inesperadas. Grande
álbum, sem dúvida.
Faixas
1.CONFIGURATION
I 01:43
2.CONFIGURATION
II 05:19
3.CONFIGURATION
III 01:33
4.CONFIGURATION
IV 01:10
5.CONFIGURATION
V 01:01
6.CONFIGURATION
VI 02:04
7.CONFIGURATION
VII 04:02
8.CONFIGURATION
VIII 03:11
9.CONFIGURATION
IX 02:23
10.CONFIGURATION
X 03:58
11.CONFIGURATION
XI 04:02
12.CONFIGURATION
XII 01:41
13.CONFIGURATION
XIII 02:44
Músicos : Christopher
Dell – vibrafone; Christian Lillinger – bateria; Jonas Westergaard – baixo.
Nota: Este álbum foi considerado, pela DownBeat, como um dos
melhores lançados em 2021 com a classificação de 4 estrelas.
Fonte: Martin Schray (The Free Jazz Collective)
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