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sexta-feira, 11 de novembro de 2022

DIEGO RIVERA – MESTIZO (Posi-Tone)

Não há nada mais exaustivo do que ter que explicar diversas vezes sobre uma realidade cultural — caso seja misoginia, homofobia ou racismo de cor — e, de qualquer modo, expor o recipiente parecendo não estar completamente com crédito. Assim é “Battle Fatigue” a vigorosa abertura que Diego Rivera conclama no início do seu poderoso trabalho. Composta como consequência da condenação de Derek Chauvin pelo assassinato de George Floyd, a música envolve-se, de frente e desafiadoramente, com um solo aquecido de Sipiagin e o não menos potente manifesto do líder. Porém, é a banda que importa, conduzida pelo acompanhamento de Hirahara, pela volubilidade de Kozlov com seu baixo flexível e as encrespadas batidas de Royston.

Não se deve confundir a sensibilidade atrás desta gravação. A música cresce acima da fadiga, como o jazz continuamente cresce sobre cansaço genérico, realiza um forte manifesto pessoal da dignidade cultural. Talvez melhor confundida em “Rasquache”, um determinado retorno de uma palavra que foi usada para envolver uma modulação cultural, mas é agora adotada como distinta singularidade Chicana. “Bracero” vem de um local similar, um termo equivalente ao britânico “navvy” ou trabalhador manual, especialmente escavador. Rivera escava a história do jazz, tocando “Teru” de Wayne Shorter e “Escapade” de Kenny Dorham, escolha esperta para um instrumentista de sua sensibilidade, para este eterno hard bop, altamente individual, mas ligado na longa tradição. Nada que Rivera toca soa formal ou pré-formado, e a banda que ele reuniu está absolutamente com ele: disciplinada, feérica, racional e livre para giros. Difícil encontrar qualquer falha nesta gravação.

Faixas: Battle Fatigue; Rasquache; Teru; Bracero; Escapade; Canción de Cuna; Most From The Least; La Raza Cósmica; The Rose Window; Mestizo. (54:08)

Músicos: Alex Sipiagin, trompete, flugelhorn; Diego Rivera, saxofone tenor; Art Hirahara, piano; Boris Kozlov, baixo; Rudy Royston, bateria, percussão.

Para conhecer um pouco deste trabalho, assistam ao vídeo abaixo:

https://www.youtube.com/watch?v=xG9tatrKkOw

Fonte:  Brian Morton (DownBeat)  

 

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