Se você perdeu a trilha de Kirk Lightsey, você não está
sozinho. Ele faz parte do bastidor do dia. Ele tocou com todo mundo: Chet
Baker, Kenny Burrell, Clifford Jordan, Blue Mitchell, Sonny Stitt, Woody Shaw. Ele
foi pianista de Dexter Gordon entre 1979 e 1983. Entretanto, ele viveu em Paris
por quase 30 anos. “I Will
Never Stop Loving You” é um arramesso do blue. Lightsey esteve tão
próximo de ser esquecido, que ele agora se sente como uma excitante descoberta
nova —se você pode ser uma excitante descoberta aos 84 anos.
A faixa de abertura é uma obscura música de Nicholas
Brodszky e Sammy Cahn do filme “Love Me or Leave Me” de 1955. Doris Day a
cantou, melancolicamente. Porém, nas mãos de Lightsey, nenhuma canção permanece
triste. Traduzida para sua linguagem maciça e angular ao piano, canções sentimentais
passam a ser misteriosamente apaixonadas. Seu toque firme relembra Monk. Porém,
os acordes espantosos de Lightsey buscam suas lógicas próprias.
Ele tem dito, “Minha vida completa parece ser sobre … perseverança”.
Como ele lentamente produz através de uma canção, pacientemente, na expectativa
da próxima ideia. Os silêncios são incertos. Porém, a espera é frequentemente
recompensada. Quando Lightsey encontra uma melodia, ele a entalha em granito.
“Infant Eyes” de
“Wayne Shorter” é perfeita para ele, porque é já tonalmente ambígua, um dos
mais misteriosos trabalhos de Shorter. A interpretação de Lightsey, com suas
pausas fecundas, prova que rigidez e lirismo podem coexistir. Sua versão de
“Giant Steps” de Coltrane é altamente invulgar. A maioria das performances desta
icônica peça, famosamente difícil, é uma corrida impetuosa sobre todos os
acordes que voam. Lightsey a
toca, sem parada, quase sem notas simples.
Faixas:
I'll Never Stop Loving You; Fee-Fi-Fo-Fum; Pee Wee; Infant Eyes; Goodbye Mr.
Evans; Giant Steps; Wild Flower.
Fonte: THOMAS
CONRAD (JazzTimes)
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