A vocalista Mary LaRose esteve há muito tempo expondo seu
vocal, com e sem palavras, aos trabalhos de compositores do jazz moderno tais
como Albert Ayler, Ornette Coleman, Charlie Haden e Eric Dolphy. Este CD é sua
primeira exploração completa de Dolphy, sondando o artifício de fluxo livre do
seu trabalho com um grupo que inclui diversos instrumentos, que ela usou em
suas gravações, cello, vibrafone e clarinete baixo.
LaRose aborda a música de Dolphy colocando letra em algumas
canções, vocalizando sem palavras e mesmo recitando uma poesia apropriada em
duas faixas. Tudo tem uma divertida leveza, que se sente justa na música com
seu som de classe mundial. Em "Gazzelloni" o líder gorjeia o título
sobre vibrações distorcidas eletronicamente por Patricia Brennan, o cello
envolvente de Tomeka Reid, o sobe e desce do clarinete de Jeff Lederer e uma
batida gotejante alimentada pelo baixista Nick Dunston e o baterista Matt
Wilson. "245" observa LaRose ronronando e fazendo scat sobre a melodia conforme a banda cruza
um balanço travesso no passeio do jazz. Em "Out There" e
"GW", ela navega nas passagens erráticas do tempo das músicas, pausa e
surge com tranquilidade, conforme os outros músicos impulsionam e contraem
brilhantemente através da música, executando um passo estimulante em
"GW" e criando um espírito nebuloso e sonhador em "Out
There".
Em "Serene", LaRose recita um poema,
"Syncopation", escrito por Hallie Lederer, sobre um ambiente de
camadas de um vibrafone ressonante que muda para grupo de jazz de câmara
blueseiro conforme LaRose troca para uma balada do blues melancólico, cantando
à la Annie Ross. Esta versão de "Music Matador" dobra os esforços no
sabor caribenho no tratamento de Caribbean de Dolphy, fortalecendo a banda com
dois especialistas do jazz latino, o trombonista Jimmy Bosch e o percussionista
Bobby Sanabria. O saxofonista Jeff Lederer apenas toca clarinete e clarinete baixo
nesta sessão e seu som amadeirado mistura bem a tepidez de LaRose, voz flexível.
Isto é especialmente verdadeiro em "Love Me", que foi originalmente
um poderoso dueto executado por Dolphy no clarinete baixo com o baixista
Richard Davis. Aqui, ele é interpretado por LaRose e Lederer. A vocalista
estende sua voz através dos altos e baixos do solo de Dolphy conforme Lederer grasna
e chora no suporte. O CD encerra com uma rara composição de Mal Waldron,
"Warm Canto", que, originalmente, apresentou Dolphy no clarinete, aqui
LaRose suavemente zumbe a melódica cadência animada do trio de clarinete, antes
de, evocativamente, ler um poema de Patricia Donegan, "Lover's Wish",
com murmúrios empáticos do cello e vibrafone.
A beleza heterodoxa e serenidade reflexiva da música de Eric
Dolphy vêm radiantemente neste tributo. Mary LaRose e seus colaboradores tratam
seu trabalho com respeito, enquanto adiciona elementos de confiança e ousadia,
que destaca quão jubilosa a alegria pode ser. Este é um excelente trabalho de
um músico muito talentoso e criminosamente desconsiderado.
Faixas: Gazzelloni;
245; Out There; Music Matador; GW; Serene; Out to Lunch; Love Me; Warm Canto.
Músicos: Mary
LaRose: voz / vocal; Jeff Lederer: saxofone tenor, clarinete, clarinete baixo;
Tomeka Reid: cello; Patricia Brennan: vibrafone; Nick Dunston: baixo; Matt
Wilson: bateria; Jimmy Bosch: trombone, vibrafone, percussão (4); Bobby
Sanabria: bateria, percussão (4); Isaiah Johnson: bateria, clarinete (9);
Cameron Jones: clarinete (9); Maya Rose Lederer: voz / vocal(4).
Nota: Este álbum foi considerado, pela DownBeat, como um dos
melhores lançados em 2021 com a classificação de 4 estrelas.
https://www.youtube.com/watch?v=HZqc5_o-6Ic
Fonte: Jerome
Wilson (AllAboutJazz)
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