Jaleel Shaw segue seu próprio caminho. Ele
é possuidor de uma extraordinária destreza técnica, um mestre do seu
instrumento. Ele desenvolve longas linhas post-bebop sem piscar (ou pausando
para respirar — ao menos é o que aparece em algumas faixas) e jornadas em zonas
de vanguarda com clara e lúcida presença de espírito.
“Tulsa” é um vigoroso exercício de
saxofone soprano reminiscente do trabalho de Roscoe Mitchell na forma intensa
que suas linhas exploram um amplo raio de ação dinâmico e constroi penetrantes
guinchos, mas há uma beleza lírica lá, tanto quanto relembra Wayne Shorter.
“Improvisation For Mom” carece de ternura
naquilo que seu título expõe. Parece mais como um exercício escalar. Porém,
talvez este seja o perfeito tributo para uma mulher, que educou um saxofonista.
Alguém pode imaginar a mãe de Shaw dizer: “Muito bom, querido. Agora lave as
mãos para o jantar”, quando ele terminou.
Em duas faixas, “Breonna” e no
encerramento “Isolation”, Shaw adiciona eletrônica à mistura. A peça matriz é uma
suave elegia com sutileza, reverberação remixada, mas a posterior é uma jornada
real.
Seu alto é alimentado através de pedais e
efeitos, empenando e ecoando por trás de si mesmo até soar como uma gaita, ou
alguém soprando suavemente uma flauta.
Quando o retardo é longo o bastante e a
passagem em repetição é tocada contra uma segunda linha, a ilusão que havia
dois saxofonistas tocando em harmonia próxima é criada. Nos minutos finais da
peça, o som parece estar desvendando tentáculos psicodélicos, já não identificável
como um saxofonista afinal. É uma experiência completa.
Faixas: Lee;
Breonna; Tulsa; Improvisation For Mom; Temesgen; On Being Invisible; DOOM;
Silence; Isolation. (31:55)
Músicos: Jaleel Shaw, saxofones alto e
soprano.
Fonte: Philip Freeman (DownBeat)
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