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sexta-feira, 20 de janeiro de 2023

ELLA FITZGERALD - ELLA AT THE HOLLYWOOD BOWL: THE IRVING BERLIN SONGBOOK (Verve)

Há momentos nesta vida para sentar, refletir e banhar-se em puro respeito. Com “Ella At The Hollywood Bowl: The Irving Berlin Songbook” os ouvintes alcançam um pouco do sabor de absoluta perfeição: uma grande ideia apresentada com tal graça e elegância, que parece simples, pura e divina. Esta música não lançada anteriormente veio da coleção privada de    Norman Granz, notável produtor e fundador da Verve Records. O artista vencedor do Grammy e produtor Gregg Field, adoravelmente, mesclou esta coleção diretamente de fitas de um quarto de polegadas, gravadas durante este elaborado concerto de 1958. Como elaborar? O concerto inclui uma orquestra completa, com arranjos conduzidos e elaborados por Paul Weston, todos providenciam uma nuvem emplumada para, talvez, a maior cantora do jazz   flutuar. E ela flutua. A voz de Fitzgerald é uma maravilha. A gravação do cancioneiro (que inclui o cancioneiro de Irving Berlin) é frequentemente considerada o melhor trabalho dela, ou que qualquer outro vocalista no jazz, já criou. Porém ouvir ao vivo, no venerável Hollywood Bowl, demonstra como espantosos estavam todos os músicos no palco e como maravilhosa veio a ser a capacidade artística de Ella conforme ela iniciava os seus 40 anos. Da batida suave de “The Song Is Ended” a “How Deep Is The Ocean”, “Cheek To Cheek”, “Let’s Face The Music And Dance”, “Putting On The Ritz” e “Alexander’s Ragtime Band” a voz e a música são atemporais. Então há as baladas. As cordas em “How Deep Is The Ocean” derramam-se direto na alma. Em “Russian Lullaby”, o vibrato de Fitzgerald flutua quase como um violino que quer fazer você chorar. “Get Thee Behind Me Satan” oferece uma lembrança pitoresca da tentação do amor. Tudo isto é feito mais requintadamente pela deslumbrante limpidez desta gravação. Antes do verão acabar, é ótima para se aconchegar no quintal em uma cadeira confortável e imaginar que está em Los Angeles nos anos 1950, há uma suave brisa soprando através de uma das maiores arenas da música, que a humanidade já criou, e naquele palco há uma voz que aparece apenas uma vez na vida.

Fonte: Frank Alkyer (DownBeat) 


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