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sábado, 28 de janeiro de 2023

VIRGILIO ARMAS Y SU GRUPO – ESPEJISMO (We Are Busy Bodies)

Reedições podem ser frívolas ou essenciais. Esta cai na última categoria. O selo canadense “We Are Busy Bodies” tem lançado raras e cobiçadas reedições após o jazz Venezuelano de 1973, “Espejismo” de Virgilio Armas Y Su Grupo, ofertando uma fotografia da cena musical fervilhante no início dos anos 1970 em Caracas, até agora amplamente não documentada em razão da bem maior dominância da Venezuela, vizinho sulino do Brasil. O pianista e líder Armas combina o jazz latino e o suingue do pós-bossa com variantes domésticas, aperfeiçoado ao longo dos anos em clubes de Altamira e La Castellana, distritos da capital.

No entanto, “We Are Busy Bodies” não para aí. Relançou, também, o álbum do álbum do trio de Virgilio Armas , “De Repente”, previamente só disponível no pequeno selo Discos A&B — um projeto pontual e auto-financiado.

Assim, como está tudo? Insanamente belo. “De Repente” arranca o portão com sua faixa título, uma composição firmemente movimentada embasada no piano, antes de Armas passar para o Fender Rhodes em “De Repente (2a. Parte)”, desconstruindo o que ele está fazendo, como ele faz de forma repetida nestes dois discos. Seu toque no piano é bastante elegante, tremulamente também, em “I F” and “In Time”.

Sua tomada em “Águas De Marzo” em De Repente é o destaque em ambos os discos. Armas inicia-o, curiosamente, ao piano, então passa a ser mais intenso quando a seção rítmica se junta a ele. Ele passa a ser uma figura central, ao piano ou no Fender Rhodes, mas mantém insinuando uma única e simples frase bem para cima no teclado, que é eventualmente reproduzida por uma pessoa anônima tocando um apito, dando à faixa um toque de rua. É tão encantador que fica dias em sua cabeça, e parece demonstrar a Venezuela como local de  influência para o som de Armas.

“Espejismo” adiciona um flautista (Domingo Moret), e a banda vem a ser mais espaçada, abrindo caminho para mais percussão e arranjos mais complicados. Em “Indecision”, seu trabalho no piano elétrico, que pode levar alguém pensar que é uma guitarra. Em “Sobre El Orinoco”, Moret apinhou Armas, e ele assume de novo e te lembra porque ele está aqui.

No geral, “De Repente” é melhor, mas, felizmente, ambos estão de volta.

Faixas

A1 Tamanaco (Estilo) 3:05

A2 Barlovento (Merengue) 4:15

A3 Doña Mentira (Pasaje) 2:28

A4 Río Manzanares (Gulpe) 2:44

A5 Indecisión (Estilo) 3:04

A6 Moliendo Café (Orquides) 1:30

B1 Canaima (Estilo) 2:08

B2 María Gracia (Vals) 2:13

B3 Sueño Indio (Estilo) 2:36

B4 Sobre El Orinoco (Estilo) 3:21

B5 Nery (Estilo) 1:49

B6 Caracas Moderna (Estilo) 2:15

Músicos: Rodolfo Buenaño (baixo); Guillermo Tariba – bateria; Domingo Moret – flauta; Tata Guerra – percussão; Virgilio Armas – piano; Feddy Leon – teclados, produção

Fonte:  Daniel Margolis (DownBeat)

 

 

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