O selo Jazz Is Dead de Adrian Younge e Ali Shaheed
Muhammad é um banquete móvel quando é necessário coerência. Em seu
décimo-quarto álbum, tem havido alguns grandes, alguns não tanto e um par de insucessos.
Com o baixista Henry Franklin, entretanto, o selo veio com um voo cego, no seu
mais satisfatório disco até o momento.
O residente em Los Angeles, não bem conhecido além dos
círculos de músicos, mas que tem histórico distinto. Ele lançou, desde 1972,
vinte e dois álbuns em seu próprio nome, todos eles, inutilmente, em selos
independentes pouco conhecidos. Ele gravou como acompanhante em selos maiores
com Hampton Hawes, Bobbi Humphrey, Julian Priester, Freddie Redd, Woody Shaw e
The Three Sounds, dentre outros. Ele atuou com Pharoah Sanders, Archie Shepp,
Freddie Hubbard, Ornette Coleman, Don Cherry, Sonny Rollins, Milt Jackson e
Bobby Hutcherson, e uma série de outros do topo da lista. Em 1968, ele tocou em
um único número de Hugh Masekela em "Grazing In The Grass" (Uni).
Com “Jazz Is Dead 14”, Younge e Muhammad fariam Franklin orgulhoso.
A banda é matadora. Inclui o guitarrista Jeff Parker, o trompetista Clinton
Patterson, o saxofonista alto David Urquidi, o saxofonista tenor Scott Mayo e o
baterista Jonathan Pinson. Younge toca piano acústico, Fender Rhodes, Hammond
B3 e clavinete. As oito faixas são inéditas cocreditadas a Franklin, Younge e
Muhammad. O seu âmbito textural e emocional é amplo, indo da terna e comovente
("Memories Lost", "A Song For Sigrid"), passando pela turbulenta
("Feedback") e uma tomada de bossa nova ("Café Negro") ao
longo do caminho. Eles têm músicas fortes e faz alguém pensar que Franklin foi
o principal compositor.
Como produtores, alguém pode suspeitar que Younge e Muhammad
aplicaram uma mão leve e pouco habitual ao processo. Como Creed Taylor declarou
sobre a "produção" de “Africa/Brass (Impulse!, 1961)” de John
Coltrane: "Você não produz John Coltrane. Eu basicamente apenas me
certifiquei que as luzes estavam acesas para ele e Rudy [Van Gelder], que é aquilo
que eles necessitavam". Agora, em sua nona década, Franklin sabe o que ele
está fazendo.
O tempo do álbum é curto com apenas 31 minutos, dando a cada
faixa uma média de duração abaixo de quatro minutos. Assim, embora haja muitos
solos, eles são necessariamente breves (a concisão é uma coisa maravilhosa). Com
Jazz Is Dead 14, sente-se a qualidade, não o tamanho.
Faixas: Karibu; The Griot; People's Revolution; Memories
Lost; Feedback; Cafe Negro; African Sun; A Song For Sigrid.
Músicos: Henry Franklin: baixo; Clinton Patterson: trompete;
David Urquidi: saxofone alto; Scott Mayo: saxofone; Adrian Younge: teclados;
Jeff Parker: guitarra; Jonathan Pinson: bateria; Nicholas Baker: percussão.
Fonte: Chris May (AllAboutJazz)
Nenhum comentário:
Postar um comentário