Três instrumentistas de classe mundial, cujos longos
caminhos de novo se cruzaram, a pianista Myra Melford, a maga da eletrônica Zeena
Parkins e a kotoísta Miya Masaoka finalmente juntaram-se para MZM. É um trabalho
potente e concentrado de peças completamente improvisadas, que destaca a
habilidade do trio para elaborar algo inteiramente novo, enquanto mantinha cada
uma das singulares personalidades musicais.
O álbum foi o primeiro lançado pelo Infrequent Seams em 2017, mas ganha uma reinicialização aqui. A
maioria das 10 faixas tem de três a seis minutos de duração, permitindo um
diálogo determinado para emergir, desenvolver e concluir sem derivar em desvios labirínticos. Cada uma tem um caráter distinto. "Red
Spider" inicia o álbum com todos os três instrumentistas e desliza perseguindo
estilos independentes, que de qualquer maneira toma contornos coletivos.
"Southern Owl" é mais maníaca, com uma energia desencadeada por
maiores interjeições de Parkins, aparentando lançar Melford e Masaoka para um
frenesi mais percussivo e rítmico. Porém, registros mais suaves podem também
ser encontrados na ruminativa "Spiral", liderada por uma reservada
restrição de Masaoka a "Rosette", o enceramento do álbum, iniciada
pelas reflexões perseverantes de Melford.
Parte do que faz as improvisações serem bem-sucedidas é a
capacidade delas para amalgamar as vozes distintas dos músicos, enquanto
permite suas características de vozes distintas, enquanto possibilita suas
diferentes facetas emergirem dentro dos limites de cada peça. Masaoka tem uma
qualidade convincentemente introspectiva,
especialmente presente em peça como "Spiral", que exemplifica seu
toque mais idiomático do koto (NT: é um
instrumento musical de cordas dedilhadas, composto de uma caixa de ressonância
com diversas cordas, semelhante a uma grande cítara, possui cerca de 1,80m)
na gravação; mas ela igualmente fascina em "Taurus", onde ela evita puxar
as cordas em favor de trechos de som impetuoso,
que mistura perfeitamente com o piano preparado de Melford e as atmosferas
temperamentais de Parkins. O lado animado de Melford pode ser encontrado em "Eight-burst"
com plenitude de figuras rítmicas saltitando aqui e lá. Porém, sua voz contemplativa
é uma presença igualmente firme, particularmente em "Rosette". E
Parkins é consistemente um coringa, igualmente capaz de erupções dissonantes
("Ant"), cuidadosamente gerando paisagens sonoras
("Taurus") e fragmentos frenéticos como se fossem barulho de guitarra
("Eight-burst").
Transportarão indubitavelmente seus numerosos projetos em
incontáveis outros contextos. Porém, nós podemos estar gratificados por elas
terem tido a oportunidade de se reunirem para este encontro particular, algo tão
empático e criativo.
Faixas : Red
Spider; Bug; Saturn; Eight-burst; Retina; Taurus; Southern Owl; Spiral; Ant;
Rosette.
Músicos : Myra Melford: piano; Zeena Parkins: harpa; Miya
Masaoka: koto.
Para conhecer um pouco deste trabalho, assistam ao vídeo
abaixo:
https://www.youtube.com/watch?v=3fF7gLM-FCU
Fonte: Troy
Dostert (AllAboutJazz)
Nenhum comentário:
Postar um comentário