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sexta-feira, 10 de março de 2023

CAROL SLOANE – LIVE AT BIRDLAND (Club44)

Houve uma mais lendária expoente do Grande Repertório Estadunidense do que Carol Sloane? Ela iniciou cantando profissionalmente na idade de catorze anos, fez sua primeira gravação em 1959, foi a "principal vocalista" para Arthur Godfrey por um tempo, e foi gravar praticamente qualquer canção que você imagine (e, mais do que provável, um pouco do que você não imagina). Sua voz, brilhante e luminosa, funcionou especialmente bem nas baladas, mas seu material animado foi, igualmente, convincente. Ela cantou com Ben Webster, Clark Terry, escutada por Ella Fitzgerald e Carmen McRae e, como todo grande músico de jazz, também lutou, às vezes, para sobreviver. É uma destas estórias fundamentais do jazz, e tudo vem com sua expressividade, com uma voz marcantemente não diminuída, ainda que mudada pelos anos. Sloane dispendeu quase sua vida inteira no negócio da música e “Live at Birdland” é um monumento adequado à sua carreira marcante.

O repertório de Sloane, aqui, está em uma maravilhosa gravação ao vivo, acompanhada pelo falecido Mike Renzi (um antigo acompanhante ao piano), Jay Leonhart no baixo e Scott Hamilton no sax tenor. Não apenas em sua vocalização equilibrada e sincera, como alguém esperaria, Sloane é também uma sarcástica contadora de estórias de quem sabe como funciona uma audiência. Seus apartes e outros ocasionais comentários nos intervalos entre performances são um convite para recriar a atmosfera de um trabalho em um clube. Funciona muito bem.

Sloane exibe seus anos de excelência ao atuar em "I Don't Want to Walk Without You" clamando para lembrar a audição no rádio quando criança. Isto é possível, mas a Segunda Guerra Mundial encerrou quando ela tinha oito anos de idade. Talento precoce, por certo, mas a canção ainda funciona para ela e seus ouvintes. "Two For The Road" é uma canção que aparece muito, uma relativamente recente contribuição para o cânone. Sloane manobra para evocar a estória atrás da música. Ela canta como se a canção fosse dela. "You're Driving Me Crazy" é a ocasião para um gracejo entre Sloane e Renzi e dá a Scott Hamilton a oportunidade para tocar alguns refrões saborosos. Leonhart aqui, e em outras partes, é excepcional. É um dos pontos altos na gravação completa deles, especialmente uma versão em miscelânea de "Glad to Be Unhappy/I Got A Right to Sing The Blues". Sim, ela dá a última nota.

Há, realmente, não muito mais para dizer sobre a gravação, que soma uma boa ocasião na carreira da carismática Carol Sloane. Juventude deve ser fornecida, mas, às vezes, alguém deve preferir a voz da experiência. Conta para alguma coisa, mesmo no negócio que venera a juventude, inovação, e uma face nova?  

Faixas: Havin' Myself A Time; Blue Turning Grey Over You; I Don't Want To Walk Without You; As Long As I Live; Glad To Be Unhappy/I Gotta Right To Sing The Blues; If I Should Lose You; You Were Meant For Me; The Very Thought of You; You're Driving Me Crazy; Two For The Road; Wrap Your Troubles in Dreams; I'll Always Leave The Door A Little Open.

Músicos : Carol Sloane: voz; Mike Renzi: piano; Jay Leonhart: baixo; Scott Hamilton: saxofone tenor.

Para conhecer um pouco deste trabalho, assistam ao vídeo abaixo:

https://www.youtube.com/watch?v=DT-oyvr-zOs

Este álbum foi considerado, pela DownBeat, um dos melhores lançados em 2022 com a classificação de 4 estrelas.

Fonte: Richard J Salvucci (AllAboutJazz)


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