Houve uma mais lendária expoente do Grande Repertório
Estadunidense do que Carol Sloane? Ela iniciou cantando profissionalmente na
idade de catorze anos, fez sua primeira gravação em 1959, foi a "principal
vocalista" para Arthur Godfrey por um tempo, e foi gravar praticamente
qualquer canção que você imagine (e, mais do que provável, um pouco do que você
não imagina). Sua voz, brilhante e luminosa, funcionou especialmente bem nas
baladas, mas seu material animado foi, igualmente, convincente. Ela cantou com
Ben Webster, Clark Terry, escutada por Ella Fitzgerald e Carmen McRae e, como
todo grande músico de jazz, também lutou, às vezes, para sobreviver. É uma
destas estórias fundamentais do jazz, e tudo vem com sua expressividade, com
uma voz marcantemente não diminuída, ainda que mudada pelos anos. Sloane dispendeu
quase sua vida inteira no negócio da música e “Live at Birdland” é um monumento
adequado à sua carreira marcante.
O repertório de Sloane, aqui, está em uma maravilhosa
gravação ao vivo, acompanhada pelo falecido Mike Renzi (um antigo acompanhante ao
piano), Jay Leonhart no baixo e Scott Hamilton no sax tenor. Não apenas em sua
vocalização equilibrada e sincera, como alguém esperaria, Sloane é também uma
sarcástica contadora de estórias de quem sabe como funciona uma audiência. Seus
apartes e outros ocasionais comentários nos intervalos entre performances são
um convite para recriar a atmosfera de um trabalho em um clube. Funciona muito
bem.
Sloane exibe seus anos de excelência ao atuar em "I
Don't Want to Walk Without You" clamando para lembrar a audição no rádio
quando criança. Isto é possível, mas a Segunda Guerra Mundial encerrou quando
ela tinha oito anos de idade. Talento precoce, por certo, mas a canção ainda
funciona para ela e seus ouvintes. "Two For The Road" é uma canção
que aparece muito, uma relativamente recente contribuição para o cânone. Sloane
manobra para evocar a estória atrás da música. Ela canta como se a canção fosse
dela. "You're Driving Me Crazy" é a ocasião para um gracejo entre Sloane
e Renzi e dá a Scott Hamilton a oportunidade para tocar alguns refrões
saborosos. Leonhart aqui, e em outras partes, é excepcional. É um dos pontos
altos na gravação completa deles, especialmente uma versão em miscelânea de "Glad
to Be Unhappy/I Got A Right to Sing The Blues". Sim, ela dá a última nota.
Há, realmente, não muito mais para dizer sobre a gravação,
que soma uma boa ocasião na carreira da carismática Carol Sloane. Juventude deve ser fornecida, mas,
às vezes, alguém deve preferir a voz da experiência. Conta para alguma
coisa, mesmo no negócio que venera a juventude, inovação, e uma face nova?
Faixas: Havin'
Myself A Time; Blue Turning Grey Over You; I Don't Want To Walk Without You; As
Long As I Live; Glad To Be Unhappy/I Gotta Right To Sing The Blues; If I Should
Lose You; You Were Meant For Me; The Very Thought of You; You're Driving Me
Crazy; Two For The Road; Wrap Your Troubles in Dreams; I'll Always Leave The
Door A Little Open.
Músicos : Carol
Sloane: voz; Mike Renzi: piano; Jay Leonhart: baixo; Scott Hamilton: saxofone
tenor.
Para conhecer um pouco deste trabalho, assistam ao vídeo
abaixo:
https://www.youtube.com/watch?v=DT-oyvr-zOs
Este álbum foi considerado, pela
DownBeat, um dos melhores lançados em 2022 com a classificação de 4 estrelas.
Fonte: Richard
J Salvucci (AllAboutJazz)
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