playlist Music

quarta-feira, 29 de março de 2023

TYSHAWN SOREY TRIO – MESMERISM (Yeros7 Music)

Se o conjunto do jazz tradicional fosse destilado em sua essência, o que permaneceria, seguramente, seria um trio de piano. Assim, não surpreende que esse seria o formato escolhido pelo baterista compositor/polímata, Tyshawn Sorey, para fazer sua declaração sobre o que ele “chama” “o contínuo direto” do jazz.

Seu repertório inclui joias de Horace Silver, Duke Ellington e Herb Ellis, ao lado de músicas menos conhecidas, mas trabalhos igualmente valorosos de Muhal Richard Abrams e Paul Motian, enquanto seus companheiros de banda — o pianista Aaron Diehl e o baixista Matt Brewer — estão ligados na tradição conforme estão dispostos a impulsionar o trabalho.

Há a tomada de “REM Blues”, uma contribuição de Duke Ellington para a sua sessão de “Money Jungle” com Charles Mingus e Max Roach. Como Sorey estabelece um relaxado embaralhamento e Brewer mantém um balanço agradavelmente flexível, Diehl estabelece o tema com elegante refinamento, uma evocação esperta das dinâmicas de “Money Jungle”.

Porém, na verdade, no estilo Ellingtoniano, estes três não “tocam o blues”, enquanto tocam este blues. Em vez disto, Diehl amplifica e extrapola na harmonia, o solo de Brewer é uma narrativa como uma jogada de mestre e Sorey tranquilamente ilustra as possibilidades infinitas do balanço. É maravilhosamente simples, mas de uma profundidade impressionante.

Como é o resto de “Mesmerism”. Há uma metamorfose, uma tomada panorâmica em “Detour Ahead” de Ellis, ricamente lírica e ritmicamente sutil emoldurando “Two Over One” de Abrams e uma versão de “Autumn Leaves,” que entende as mudanças tão profundamente, que é imediatamente reconhecível a despeito de não estabelecer a melodia. Completamente, Sorey e companhia sublinha que faz uma música grandiosa, e o quanto se pode encontrar dentro dela.

Faixas: Enchantment; Detour Ahead; Autumn Leaves; From Time To Time; Two Over One; REM Blues. (47:53)

Músicos: Tyshawn Sorey, bateria; Aaron Diehl, piano; Matt Brewer, baixo.

Nota: Este álbum foi considerado, pela DownBeat, um dos melhores lançados em 2022 com a classificação de 4 ½ estrelas.

Fonte: J.D. Considine (DownBeat) 

 

 

Nenhum comentário: