Se o conjunto do jazz tradicional fosse destilado em sua
essência, o que permaneceria, seguramente, seria um trio de piano. Assim, não
surpreende que esse seria o formato escolhido pelo baterista compositor/polímata,
Tyshawn Sorey, para fazer sua declaração sobre o que ele “chama” “o contínuo
direto” do jazz.
Seu repertório inclui joias de Horace Silver, Duke Ellington
e Herb Ellis, ao lado de músicas menos conhecidas, mas trabalhos igualmente
valorosos de Muhal Richard Abrams e Paul Motian, enquanto seus companheiros de
banda — o pianista Aaron Diehl e o baixista Matt Brewer — estão ligados na
tradição conforme estão dispostos a impulsionar o trabalho.
Há a tomada de “REM Blues”, uma contribuição de Duke
Ellington para a sua sessão de “Money Jungle” com Charles Mingus e Max Roach. Como
Sorey estabelece um relaxado embaralhamento e Brewer mantém um balanço
agradavelmente flexível, Diehl estabelece o tema com elegante refinamento, uma
evocação esperta das dinâmicas de “Money Jungle”.
Porém, na verdade, no estilo Ellingtoniano, estes três não
“tocam o blues”, enquanto tocam este blues. Em vez disto, Diehl amplifica e
extrapola na harmonia, o solo de Brewer é uma narrativa como uma jogada de
mestre e Sorey tranquilamente ilustra as possibilidades infinitas do balanço. É
maravilhosamente simples, mas de uma profundidade impressionante.
Como é o resto de “Mesmerism”. Há uma metamorfose, uma tomada
panorâmica em “Detour Ahead” de Ellis, ricamente lírica e ritmicamente sutil
emoldurando “Two Over One” de Abrams e uma versão de “Autumn Leaves,” que
entende as mudanças tão profundamente, que é imediatamente reconhecível a despeito
de não estabelecer a melodia. Completamente, Sorey e companhia sublinha que faz
uma música grandiosa, e o quanto se pode encontrar dentro dela.
Faixas: Enchantment; Detour Ahead; Autumn Leaves; From Time
To Time; Two Over One; REM Blues. (47:53)
Músicos: Tyshawn Sorey, bateria; Aaron Diehl, piano; Matt
Brewer, baixo.
Fonte: J.D. Considine (DownBeat)
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