Ecletismo pode ser o mais vazio dos gestos. No título as pistas. David Helbock deve se olhar como um tipo sério, mas há uma intensa diversão em seu trabalho, não é extravagante, não é satírico ou pastiche, mas simplesmente o senso de que a música é um playground no qual as coisas impossíveis passam a ser possíveis e coisas improváveis acontecem a toda a hora. Nisto, ele tem a parceiro ideal em Camille Bertault, que tem seu próprio senso de travessura.
É significante que outros artistas acenaram para o curso de
“Playground” como Egberto Gismonti (a abertura “Frevo”), o arco ardiloso de
Thelonious Monk (“Ask Me Now”) e, mesmo ao final, um tributo ao endiabrado
Hermeto Pascoal, cujo trabalho inicial está correntemente desfrutando um resnascimento.
O ar de mistério é sustentado nas inéditas, notavelmente. “Das
Fabelwesen” de Helbock significando “criatura mítica” tão bem quanto a
melancólica “Bizarre” de Bertault e tipo Poulenc, “Aide-moi”.
Estes instrumentistas têm um estofo clássico, mas como “Lonely
Supamen” demonstra, eles conhece-o muito bem, mesmo que a sua tomada de forma
seja invulgar. Eles incorporam todas as coisas, do russo ao misticismo islandês
e criptozoologia.
Jazz tem sido amplo, sempre contendo multitudes, age desta
forma — e selos como ACT —mantêm a porta aberta para novas experiências e
influências.
Faixas: Frevo; Good Morning Heartache; Lonely Supamen; Etude
In C-Sharp Minor, Op. 2, No 1; Aide-moi; New World; Das Fabelwesen; Dans ma
boîte; Ask Me Now; Never Lived; Bizarre; Para Hermeto (52.37)
Músicos: Camille Bertault, voz; David Helbock, piano,
percussão, live looping, efeitos.
Para conhecer um pouco deste trabalho, assistam ao vídeo
abaixo:
https://www.youtube.com/watch?v=wNy4R_VbgAg
Este álbum foi considerado, pela
DownBeat, como um dos melhores lançados em 2022 com a classificação de 5
estrelas
Fonte: Brian Morton (DownBeat)
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