Parece uma era desde o álbum anterior do pianista Gerald
Clayton, “Happening: Live At The Village Vanguard (Blue Note, 2020) NT: Resenhado neste blog em 30/04/2021) ”, embora
tenha apenas dois anos. Porém, que traumáticos anos foram e que impacto tiveram
no novo álbum de Clayton.
O disco do Vanguard,
gravado na primavera de 2019, foi exuberante ou intensamente diferente, com os
saxofonistas Logan Richardson e Walter Smith III capazes de gerar ardor, apresentado
na maioria das faixas. Em “Bells On Sand”, pelo contraste, Clayton diante do trio,
aprimorado em apenas uma faixa pelo seu mentor e desde 2013 seu empregador,
Charles Lloyd, no saxofone tenor. A música é a parte mais delicada e intimista,
refletindo o isolamento e a busca da alma por parte de Clayton, como a maioria
das pessoas experimentaram em 2020-21.
O álbum é primorosamente bonito. Clayton, que adiciona
ocasional paisagem sonora de fundo com o teclado elétrico e vibrafone, está
acompanhado por seu pai, o baixista John Clayton, cujo uso do arco é
apresentado nas primeiras duas faixas, e pelo seu antigo amigo, o baterista Justin
Brown, que apareceu no álbum de Clayton, de 2017, “Tributary Tales (Motema) ”. A
vocalista Maro (nenhum sobrenome é dado) apresenta-se em duas faixas. Cinco das
faixas são inéditas e há quatro reinterpretações: "Damunt de tu Només les
Flors", datada do meado do século XX, do compositor catalão Federico
Mompou e "Elegia"; a eterna "My Ideal" (em duas partes) de Richard
Whiting e Newell Chase e "There Is Music Where You're Going My Friends” do
saxofonista e tio Jeff Clayton, que encerra a gravação. O download tem uma faixa bônus, "Paisajes II. El Lago" de Mompou,
mas música como esta merece ser ouvida no formato físico, preferivelmente, menos
inferior que o wifi e nós não nos
afetaremos com esta faixa.
Direta e indiretamente, a figura chave em “Bells On Sand” é Mompou,
cuja música foi pesadamente influenciada por Erik Satie e Gabriel Fauré. Satie e
Fauré, como sintonizado por Mompou, com cujo trabalho Clayton se enamorou em
anos recentes, veio a ser uma das principais influências de Clayton. Há uma
melancólica e tranquila vibração edificante, mantida ao longo do trabalho, mesmo
nestas poucas faixas onde o tempo incrementa e o número de notas aumenta por
compasso. Nestas últimas faixas estão inclusas "My Ideal I", que
sugere um stride piano (NT: É um estilo de jazz piano desenvolvido nas grandes cidades da
Costa Leste dos Estados Unidos, principalmente Nova York, durante os anos 1920
e 1930) até o final, e "My Ideal 2", na qual Clayton no início
interpreta a música um pouco como Thelonious Monk deveria ter feito, mas sem
notas graciosas dissonantes dele (A força destas duas faixas ganharia vida como
uma peça contínua?).
A faixa mais longa, com cerca de oito minutos, é a penúltima
"Peace Invocation", um maravilhoso dueto de Clayton e Lloyd com uma
generosa ajuda do saxofonista. A diferença de idade entre os dois músicos é
quase de 50 anos e eles tornam isto totalmente irrelevante. O álbum encerra com
o esquema gospel de Jeff Clayton em "There Is Music Where You're Going My
Friends", para o qual qualquer um pode dizer apenas "amém" e
apertar o replay.
Faixas : Water’s
Edge; Elegia; Damunt De Tu Nomes Les Flors; My Ideal I: That Roy; Rip; Just A
Dream; My Ideal 2; Peace Invocation; There Is Music Where You’re Going My
Friends.
Músicos: Gerald Clayton: piano, vibrafone, teclado elétrico;
John Clayton: baixo acústico Justin Brown: bateria; Charles Lloyd: saxofone
tenor (9); Maro: voz (3, 7).
Para conhecer um pouco deste trabalho, assistam ao vídeo
abaixo:
https://www.youtube.com/watch?v=t8f9O2jTlfo
Fonte:
Chris May (AllAboutJazz)
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