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domingo, 9 de abril de 2023

GERALD CLAYTON - BELLS ON SAND (Blue Note Records)

Parece uma era desde o álbum anterior do pianista Gerald Clayton, “Happening: Live At The Village Vanguard (Blue Note, 2020) NT: Resenhado neste blog em 30/04/2021) ”, embora tenha apenas dois anos. Porém, que traumáticos anos foram e que impacto tiveram no novo álbum de Clayton.

O disco do Vanguard, gravado na primavera de 2019, foi exuberante ou intensamente diferente, com os saxofonistas Logan Richardson e Walter Smith III capazes de gerar ardor, apresentado na maioria das faixas. Em “Bells On Sand”, pelo contraste, Clayton diante do trio, aprimorado em apenas uma faixa pelo seu mentor e desde 2013 seu empregador, Charles Lloyd, no saxofone tenor. A música é a parte mais delicada e intimista, refletindo o isolamento e a busca da alma por parte de Clayton, como a maioria das pessoas experimentaram em 2020-21.

O álbum é primorosamente bonito. Clayton, que adiciona ocasional paisagem sonora de fundo com o teclado elétrico e vibrafone, está acompanhado por seu pai, o baixista John Clayton, cujo uso do arco é apresentado nas primeiras duas faixas, e pelo seu antigo amigo, o baterista Justin Brown, que apareceu no álbum de Clayton, de 2017, “Tributary Tales (Motema) ”. A vocalista Maro (nenhum sobrenome é dado) apresenta-se em duas faixas. Cinco das faixas são inéditas e há quatro reinterpretações: "Damunt de tu Només les Flors", datada do meado do século XX, do compositor catalão Federico Mompou e "Elegia"; a eterna "My Ideal" (em duas partes) de Richard Whiting e Newell Chase e "There Is Music Where You're Going My Friends” do saxofonista e tio Jeff Clayton, que encerra a gravação. O download tem uma faixa bônus, "Paisajes II. El Lago" de Mompou, mas música como esta merece ser ouvida no formato físico, preferivelmente, menos inferior que o wifi e nós não nos afetaremos com esta faixa.

Direta e indiretamente, a figura chave em “Bells On Sand” é Mompou, cuja música foi pesadamente influenciada por Erik Satie e Gabriel Fauré. Satie e Fauré, como sintonizado por Mompou, com cujo trabalho Clayton se enamorou em anos recentes, veio a ser uma das principais influências de Clayton. Há uma melancólica e tranquila vibração edificante, mantida ao longo do trabalho, mesmo nestas poucas faixas onde o tempo incrementa e o número de notas aumenta por compasso. Nestas últimas faixas estão inclusas "My Ideal I", que sugere um stride piano (NT: É um estilo de jazz piano desenvolvido nas grandes cidades da Costa Leste dos Estados Unidos, principalmente Nova York, durante os anos 1920 e 1930) até o final, e "My Ideal 2", na qual Clayton no início interpreta a música um pouco como Thelonious Monk deveria ter feito, mas sem notas graciosas dissonantes dele (A força destas duas faixas ganharia vida como uma peça contínua?).

A faixa mais longa, com cerca de oito minutos, é a penúltima "Peace Invocation", um maravilhoso dueto de Clayton e Lloyd com uma generosa ajuda do saxofonista. A diferença de idade entre os dois músicos é quase de 50 anos e eles tornam isto totalmente irrelevante. O álbum encerra com o esquema gospel de Jeff Clayton em "There Is Music Where You're Going My Friends", para o qual qualquer um pode dizer apenas "amém" e apertar o replay.

Faixas : Water’s Edge; Elegia; Damunt De Tu Nomes Les Flors; My Ideal I: That Roy; Rip; Just A Dream; My Ideal 2; Peace Invocation; There Is Music Where You’re Going My Friends.

Músicos: Gerald Clayton: piano, vibrafone, teclado elétrico; John Clayton: baixo acústico Justin Brown: bateria; Charles Lloyd: saxofone tenor (9); Maro: voz (3, 7).

Para conhecer um pouco deste trabalho, assistam ao vídeo abaixo:

https://www.youtube.com/watch?v=t8f9O2jTlfo

Fonte: Chris May (AllAboutJazz)

 

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