Ao lado de um novo álbum de um músico favorito, poucas
coisas mantêm muitas das promessas conforme o lançamento de uma gravação
inalcançável anteriormente, e se surge com expectativas, em vez de ser um exercício
melhor entre os piores, tivemos sorte. “Live In Paris: The Radio France Recordings 1983“ atinge um ponto ideal. Disponível como
uma caixa com 3 LPs em 23 de Abril 23 2022, que foi o Record Store Day (NT: é um evento
anual inaugurado em 2007 e realizado em um sábado todo mês de abril e em toda
Black Friday em novembro para "celebrar a cultura da loja de discos de
propriedade independente"). O dia
reúne fãs, artistas e milhares de lojas de discos independentes em todo o mundo,
e uma semana depois com uma caixa de 2 CDs, estas performances ao vivo de um
dos melhores momentos do período final de Chet anteriormente apenas acessível
via solicitação ao L'Institut National De L'Audiovisuel (INA) da França, que as
arquivou por interesse do Office De
Radiodiffusion-Television Francaise (ORTF). Este, raramente, qualifica como
domínio público, assim o lançamento do selo Elemental é, efetivamente, o
primeiro a apresentar os registros.
Os discos documentam duas performances em Paris, a primeira
um trabalho ao ar livre em Junho de 1983 na L'Esplanade
De La Defense, a segunda a apresentação em um clube, Le Petit Opportun, em Fevereiro de 1984. Baker estava no estágio
final de sua carreira (ele faleceu em 1988) e estava saindo do inferno do uso
de heroína e cocaína, suas drogas de escolha do final dos anos 1950. Quando as
estrelas e as conexões estão alinhadas, seguem-se a magia. Quando elas estavam
em oposição, o caos reinou. Em uma entrevista para Matthew Ruddick da
frequentemente pesquisada “Funny Valentine: The Story Of Chet Baker (Melrose,
2012) ”, o baixista Ron McClure diz que as drogas de 1980 o devastou bastante
conforme declarou a estrela de cinema que representou Baker , que "ele parecia
como se estivesse a vinte milhas da estrada ruim". Porém, isto deve ter
sido um péssimo dia, porque nas fotos de Franck Bergerot do trabalho em L'Esplanade , que ilustra quarenta
páginas do livreto do CD, Baker parece bem para sua idade, considerando todas
as coisas.
Realmente, mesmo aos cinquenta e quatro anos, é fácil ver
porque o trompetista Jack Sheldon, falando no imperfeito, mas fascinante,
documentário, “Let's Get Lost” (disponível no YouTube), de Bruce Weber, em
1988, sobre Baker, diz que era duro segurar uma parceira sexual se Baker estivesse
na vizinhança—"sereno" Sheldon com um rosto sem expressão, "se
você estivesse tendo sexo com a pessoa em questão naquele momento" (Claro,
a esta altura, transar há muito vinha estar na lista de prioridades de Baker).
De qualquer maneira, a música. E ambas performances, Baker está
diante de um trio sem bateria, sua formação preferida, onde a pulsação é
mantida pelo baixista e o resultado em decibel é baixo o bastante para deixar Baker
sussurrante, o trompete intimista (e cantando) brilha. O senso rítmico de Baker
foi em qualquer momento tão forte quanto seu lirismo. Ele não necessitou de
bateria. Em ambas as performances, o trio inclui o pianista Michel Graillier, outro
instrumentista profundamente lírico, que frequentemente acompanhou Baker durante
sua década final. Há dois baixistas: Dominique LeMerle, um terceiro lírico, no L'Esplanade, e o mais propulsivo
Riccardo Del Fra no Le Petit Opportun.
Foram Graillier e Fra que acompanharam Baker em “Mr B (Timeless, 1984)”, que é
um dos dez maiores álbuns, em estúdio, de Baker.
Baker canta em apenas três faixas, que, para membros do júri
que ainda estão escrutinando seu vocal, não
são ruins. Há, também, uma boa mistura de animados hard boppers e baladas em tempo lento. O primeiro grupo inclui "Funk
In Deep Freeze" de Hank Mobley, "Strollin'" de Horace Silver e "Walkin'"
de Richard Carpenter e, dentre elas, uma música de Baker. Já as duas baladas da
coletânea são as joias da coroa: "Easy Living" de Ralph Rainger e Leo
Robin no L'Esplanade e
"Lament" de J.J. Johnson no Le
Petit Opportun.
O músico e compositor Mike Zwerin sintetizou bem o talento
de Baker em sua autobiografia “Close Enough For Jazz (Quartet, 1984) ”: "Você
não sente geralmente como pulando e gritando 'Yeah!' após um solo de trompete
de Chet Baker," escreveu Zwerin. "Toda esta ternura, tumulto e
tormento conduz você para dentro. Ele alcança esta mesma parte de nós como um
quarteto de cordas de Beethoven do passado, uma dificuldade espiritual, onde a
música vem a ser uma religião... ... é temporada de verão, e viver não é fácil".
Tendo dito que, lá pode ter momentos quando, ouvindo Baker, uma
frieza corre para trás, como se um demônio afirmasse suportar alguém. Isto
porque alguma coisa inerente à música, ou está lutando na mente de alguém para
mantê-la, por um lado, música sublime, e, no outro, a feia realidade de Baker como
autocentrado e autoindulgente e um marido e pai espetacularmente péssimo? Seja
como for uma experiência salutar, mas , não por muito tempo, mantém o caminho
clicando no botão de repetir.
P.S. Músicos companheiros falam afetuosamente de Baker. Não
apenas executivos de gravadoras e proprietários de clubes. Caso você mantenha
um sabor crítico, observe o ensaio do cofundador da Riverside, Orrin Keepnews, para o relançamento pela Keepnews Collection, “Chet (Riverside,
1959”). Keepnews escreveu cinquenta anos após o evento, o ainda detestado Baker
e compartilha algumas das razões do porquê.
Faixas: CD
1: There Will Never Be Another You; Easy Living; But Not for Me; Stella by
Starlight; Funk in Deep Freeze; Just Friends. CD 2: Arbor Way; Strollin’;
Margerine; Lament; Walkin’.
Músicos:
Chet Baker: trompete, vocal; Michel Graillier: piano; Dominique LeMerle : baixo
acústico (CD1: 1-4); Riccardo Del Fra: baixo acústico (CD1: 5,6; CD2: 1-5).
Fonte: Chris
May (AllAboutJazz)
Nenhum comentário:
Postar um comentário