“Borderland Melodies” é bem-vinda por diversas razões. Primeiramente,
é numerada "até 200", indicando a marca de 200 álbuns lançados pelo Another
Timbre desde sua estreia no outono de 2007. Como o 200º álbum
foi lançado em 2016, parece que a média de lançamentos está incrementando (talvez
um efeito da COVID?). Em segundo lugar, como cinco dos álbuns anteriores
lançados pelo selo, “Borderland Melodies” foi executado pelo Apartment House,
que foi creditado primeiro pelo Another Timbre em seu álbum de 2014 e
veio a ser a banda da casa, recorrendo a instrumentistas de primeira qualidade
a partir de um impressionante conjunto de talentos. Em terceiro lugar, o álbum oferece
três peças do compositor suíço, o clarinetista Jürg Frey, seu sexto lançamento
pelo Another Timbre. Este álbum segue na excelência do álbum triplo “Lieues
d'Ombres (Elsewhere, 2022)” no qual o pianista Reinier van Houdt tocou peças de
piano solo de Frey.
Em forte contraste à única voz do álbum, “Borderland
Melodies” apresenta pequenos grupos, indo de quinteto ao septeto, com violino,
cello, clarinete e clarinete baixo presentes em todas as faixas. A ideia
original foi Frey ter o desempenho de parte do conjunto Apartment House
do clarinetista Heather Roche, mas que foram inviabilizados pela chegada da
Covid seguida por uma doença de Frey, que o levou a decidir parar de tocar o
clarinete e concentrar-se na composição. Estas postergações deram tempo a Frey para
tocar através de uma nova peça em quatro partes, que ele tinha composto para a
sessão de gravação, "L'État de Simplicité", e descobre caminhos para
aprimorá-las. Em adição a esta peça, o álbum compreende duas outras peças. Todas
foram gravadas por Simon Reynell no Goldsmiths Music Studio nos dias 16
e 17 de Julho de 2022.
A peça título com dezoito minutos, que inicia o álbum, o faz
esparsamente com uma nota tocada ao piano uma vez em seu primeiro meio minuto, mas
é em breve encharcada pelo violino, cello e os clarinetes gradualmente entrando,
todos os instrumentos tocando notas sustentadas. Típica de Frey, esta peça não
sobrecarrega a paisagem sonora, mas permite que cada contribuição instrumental seja
claramente ouvida para que possa ser devidamente saboreada. No coração do álbum
está "L'État de Simplicité", que é evidência do tempo que Frey dispendeu
improvisando. A primeira parte em oito minutos, "À la limite du sens",
inicia com o cello sustentável, que dá a fundação e um senso de seriedade, que
é compensada pela chegada das cordas e dos clarinetes mais lúdicos. Em
contraste, os quatro minutos da segunda parte, "Toucher I'air", é
mais esparsa e tranquila para que cada nota seja clara, com as outras duas
partes diferentes, outra vez, fazendo a peça variada e rica no detalhe.
O álbum encerra com 32 minutos de "Movement, Ground,
Fragility", um título que poderia facilmente ser aplicado ao álbum inteiro.
Sobre o mesmo, a banda expande-se para um septeto com o retorno de Kerry Yong ao
piano e a adição de Simon Limbrick na sutil percussão. No entanto, a adição de
dois instrumentistas não sinaliza uma paisagem sonora mais completa, porém mais
ampla, grupos mais variados soam, que podem ser saboreados e desfrutados
repetidamente. Frey aborda o seu décimo-sétimo ano, a boa nova é que ele busca
continuar compondo para o futuro previsível. Este álbum é um triunfo pata Frey,
Another Timbre e Apartment House. Bravo!
Faixas: Borderland Melodies (2019); L’État de Simplicité:- À
la limite du sens; Toucher l-air; La discrete plenitude; Les zones neutres
(2019/2021); Movement, Ground, Fragility (2014/2020).
Músicos: Mira Benjamin: violino; Anton Lukoszevieze: cello;
Raymond Brien: clarinete baixo; Kerry Young: piano (1, 6); Heather Roche:
clarinete; Bridget Carey: viola (2- 6); Simon Limbrick: percussão (6).
Fonte: John Eyles (AllAboutJazz)
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