A primeira evidência da conexão do cornetista Kirk Knuffke
com Michael Bisio emergiu no fascinante álbum do baixista “Accortet (Relative
Pitch, 2015) ”, prognosticando uma sequência de colaborações. Assim, talvez,
fosse inevitável que outro suporte principal de Bisio, o pianista Matthew
Shipp, entraria nesta mistura em algum ponto. A surpresa é que um trabalho
sobre a liderança de Knuffke, que produziu o álbum duplo “Gravity Without Airs”,
com seis faixas creditadas ao cornetista, enquanto as oitos restantes são
confecções do grupo.
Porém, a fórmula permanece a mesma, independentemente da
autoria. Tendo recrutado dois mestres improvisadores, Knuffke, sabiamente, dá-lhes
a liberdade para eles realizarem o que têm de melhor. Consequentemente, é a
interação entre eles que é o ponto superior. O lirismo de Knuffke , ele
harmonioso mesmo quando não há entonação, permanece inflexível, perfeitamente
balanceado pelas contribuições frequentemente oblíquas de Bisio e Shipp. E
quando há uma entonação, o resultado pode ser mortal, com Knuffke sedimentando
algumas belas melodias sobre o sensível, mas não reverencial, suporte.
Claro, Knuffke faz um pouco mais que apenas música suave. Ele
retorce a emoção das suas linhas, frequentemente, com um toque de melancolia, com
leves inflexões coloridas do blues, mesmo nos momentos mais free. Ele adiciona tonalidade em sua
estória com sutil controle do timbre, se pressionando levemente com um
expressivo registro alto ou se aventurando no domínio de um esguicho barulhento.
Bisio, frequentemente, providencia o contraponto mais direto, responsivo à
direção do líder, mas ao mesmo tempo mediando as digressões inspiradas de Shipp.
Uma presença absolutamente distinta, o pianista frequentemente relembra seu
afeto pela extremidade inferior, temperada pelo romantismo fulgurante e temas
de guinadas rítmicas, tão bem quanto ocasionais ziguezagues dramáticos.
A faixa título, que inicia o trabalho, começa com uma
extraordinária introdução de Bisio, todas as notas empenadas e ressonância
consistente, antes da lânguida lufada de tocha da música tema de Knuffke. Como,
do começo ao fim, não há uníssonos e nenhuma aderência à forma da canção, mas
há fartas conexões tranquilas, às vezes manifestas, quando o líder busca a
sequência adorável de acordes descendentes de Shipp, por vezes com mais sentimentos
em termos de humor e ritmo.
Dueto de cornet e piano em “para e segue” de "Time Is
Another River" com Shipp ofertando uma passagem de alusão de ragtime conforme
eles alcançam a velocidade. Outros notáveis episódios incluem uma
impressionante entonação alongada na interação entre Knuffke e o hesitante o
movimento do arco de Bisio em "Paint Pale Silver", uma deslumbrante elegia
em "Between Today And May", e a mistura de deslumbrantes fanfarras e pesarosa
cadência animada em "The Water Will Win". Não até o final "Today
For Today" faz eles limitarem a convenção, proveitosamente assim, como
Shipp e Bisio prestam bastante atenção para os contornos de uma balada
melancólica de Knuffke.
Com seu amálgama aperfeiçoado de elementos internos e
externos, Knuffke apresentou uma das gravações do ano.
Faixas : Gravity
without Airs; Stars Go Up; Between Today and May; The Sun Is Always Shining;
Birds of Passage; Time Is Another River; Paint Pale Silver; The Water Will Win;
June Stretched; Blinds; Piece of Sky; Shadows to Dance; Heal the Roses; Today
for Today.
Músicos: Kirk
Knuffke: cornet; Matthew Shipp: piano; Michael Bisio: baixo acústico.
Este álbum foi considerado, pela
DownBeat, um dos melhores lançados em 2022 com a classificação de 4 ½ estrelas.
Fonte: John
Sharpe (AllAboutJazz)
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