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sexta-feira, 30 de junho de 2023

TIERNEY SUTTON – PARIS SESSIONS 2 (BFM Jazz)

O tempo apenas se movimenta depressa quando alguém se envolve na onda da criatividade que define Tierney Sutton. Como poderia ser que esta encantadora vocalista esteja, agora, apresentando seu 15º álbum? Ela deixou indeléveis pegadas em sua gravação de estreia, “Introducing Tierney Sutton (A Records, 1997) ”, movendo-se facilmente como líder da sua caravana de maravilhas e possibilidades. Sutton certamente cresceu, como qualquer artista faria, com o passar do tempo, mas foi claro desde o início que ela sabia quem ela era e onde ela estava indo. Segura do seu caminho, Sutton esteve livre para focar sua energia no refinamento e conectividade. Sutton não é alguém para experimentação inútil, mas, preferivelmente, alguém que traz seu estilo, sua vocação, seu âmago impressionista para cada canção. Ela não necessita de material original. Cada clássico do jazz é renovado quando Sutton o internaliza em seu coração, alma e voz. Não é inteiramente certo se o grande repertório estadunidense foi beneficiado por Sutton em sua maioria ou se, inversamente, o material, com tal perceptível renovação, foi o verdadeiro beneficiário das conexões deles. O repertório, mais uma canção da vocalista e compositora canadense Joni Mitchell, uma vez mais foi radiantemente apresentado como só Sutton pode fazer.

Os ornamentos originais de “Paris Sessions (BFM Jazz, 2007) ” foram notáveis, assim fez senso tomar outro passeio através dos Luxembourg Gardens para mais inspiração. Antigos colaboradores, o baixista Kevin Axt e o guitarrista acústico Serge Merlaud, estão firmemente sincronizados com Sutton ao longo da aventura. Ainda que nunca soe forçado ou arrumado. Cada canção tem um fluxo natural na conversação. Sutton alternativamente canta, faz scat e usa sua voz como um instrumento. O brilhantismo apenas aparece, entretanto, é o que ela está sentindo naquele momento. O grupo estabelece a entonação com uma adorável tomada de "Triste" de Antônio Carlos Jobim, antes de revisitar "April in Paris/A Free Man In Paris". Sutton não interpreta muito a canção de Mitchell, prefere homenagear e abraçá-la através das suas próprias lentes. O flautista convidado Hubert Laws traz sua voz serena à mistura, iniciando com "Zingaro" de Jobim. Jubilosamente, Sutton, Laws, Merlaud e Axt deslizam como em uma suave bossa nova.

"Isn't It A Pity" de George Gershwin e Ira Gershwin foi calorosa e astutamente abraçada por todos. O impecável fraseado de Sutton nunca foi tão delicado. Conjugada com a brilhante articulação de Merlaud, "Isn't It A Pity" foi uma peça soberbamente elaborada. Sutton e Merlaud, outra vez, amalgamam-se como unidade em "Beautiful Love". Este samba lírico foi incrementado por solo de baixo de Axt. A relação próxima de Sutton com os letristas Marilyn Bergman e Alan Bergman foi homenageada com trabalho ambicioso nas três peças de Bergman. Com música composta por Ennio Morricone, "Cinema Paradiso/I Knew I Loved You" é seguida por "Moonlight" (John Williams compôs a música). Os Bergmans ficaram amigos próximos de Sutton há muitos anos. É fácil ouvir este sentimento em cada linha. Marilyn Bergman faleceu em Janeiro de 2022. Uma interpretação emocionante de "A Child Is Born"(música composta por Dave Grusin) de Bergman foi impactante e apresentou Laws em cascata e a música cresce com dignidade e graça. Estoicamente, Sutton compartilhou sua vulnerabilidade abrangendo seus sentimentos e sintonizando-os em momento real e tocante.

"Pure Imagination" pareceria ser uma canção perfeita para ajustar a habilidade de Sutton para reimaginar. Foi, realmente, o jogo vencedor, um sucesso acima do esperado. A cativante entrada da guitarra de Merlaud inicia um magnífico envolvimento com Sutton. Merlaud alterna duos com a voz de Sutton e scat. Seus intercâmbios em "Pure Imagination" são excelentes. Sutton frequentemente usa sua voz como um instrumento. Aqui, Sutton penetrou com tal emoção no segundo verso que como se uma terra mágica de pura emoção estivesse diretamente lá nas pontas dos dedos. Ela não é uma vocalista com uma banda atrás dela. Ela é parte da banda. Suas vocalizações são tratadas pelos companheiros de banda como um instrumentista adicional. Um trio passa a ser um quarteto, um quarteto vem a ser um quinteto.

Movendo-se em uma direção de uma batida animada, "Doralice" tem a banda balançando. Sutton, Merlaud e Axt estão firmes com uma conversação cerebral. "August Winds" foi impecavelmente interpretada em moda pitoresca. Axt estendendo seu melódico solo no baixo. Cole Porter entra em cena com a reimaginação, por Sutton, da sua "You'd Be So Nice To Come Home To". A marca da abordagem de Sutton foi como se significasse “ estar presente”. Fascinante ouvir as mentes de Porter e Sutton convergirem como se eles estivessem trabalhando lado a lado. Sutton deixa sua banda voar na última música, intitulada "Chorado". Laws deixou seu melhor solo para o fim, com a banda pontuando uma fina gravação.

Mais uma vez, Sutton reformulou e reinventou o passado dentro de uma moderna perspectiva. Memórias preciosas permanecem intactas, mas são também vistas e ouvidas com uma perspectiva nova. É magnífico.

Faixas : Triste; April in Paris/Free Man in Paris; Zingaro; Isn't It a Pity; Beautiful Love; Cinema Paradiso/I Knew I Loved You; Moonlight; Pure Imagination; A Child is Born; Doralice; August Winds; You'd Be So Nice To Come Home To; Chorado.

Múscos: Tierney Sutton:  vocal; Serge Merlaud: guitarra acústica; Kevin Axt: baixo; Hubert Laws: palhetas.

Fonte: Jim Worsley (AllAboutJazz)


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