O tempo apenas se movimenta depressa quando alguém se
envolve na onda da criatividade que define Tierney Sutton. Como poderia ser que
esta encantadora vocalista esteja, agora, apresentando seu 15º álbum?
Ela deixou indeléveis pegadas em sua gravação de estreia, “Introducing Tierney
Sutton (A Records, 1997) ”, movendo-se facilmente como líder da sua caravana de
maravilhas e possibilidades. Sutton certamente cresceu, como qualquer artista
faria, com o passar do tempo, mas foi claro desde o início que ela sabia quem
ela era e onde ela estava indo. Segura do seu caminho, Sutton esteve livre para
focar sua energia no refinamento e conectividade. Sutton não é alguém para
experimentação inútil, mas, preferivelmente, alguém que traz seu estilo, sua
vocação, seu âmago impressionista para cada canção. Ela não necessita de
material original. Cada clássico do jazz é renovado quando Sutton o internaliza
em seu coração, alma e voz. Não é inteiramente certo se o grande repertório
estadunidense foi beneficiado por Sutton em sua maioria ou se, inversamente, o
material, com tal perceptível renovação, foi o verdadeiro beneficiário das
conexões deles. O repertório, mais uma canção da vocalista e compositora
canadense Joni Mitchell, uma vez mais foi radiantemente apresentado como só Sutton
pode fazer.
Os ornamentos originais de “Paris Sessions (BFM Jazz, 2007) ”
foram notáveis, assim fez senso tomar outro passeio através dos Luxembourg Gardens para mais inspiração.
Antigos colaboradores, o baixista Kevin Axt e o guitarrista acústico Serge
Merlaud, estão firmemente sincronizados com Sutton ao longo da aventura. Ainda
que nunca soe forçado ou arrumado. Cada canção tem um fluxo natural na conversação.
Sutton alternativamente canta, faz scat e
usa sua voz como um instrumento. O brilhantismo apenas aparece, entretanto, é o
que ela está sentindo naquele momento. O grupo estabelece a entonação com uma
adorável tomada de "Triste" de Antônio Carlos Jobim, antes de
revisitar "April in Paris/A Free Man In Paris". Sutton não interpreta
muito a canção de Mitchell, prefere homenagear e abraçá-la através das suas próprias
lentes. O flautista convidado Hubert Laws traz sua voz serena à mistura, iniciando
com "Zingaro" de Jobim. Jubilosamente, Sutton, Laws, Merlaud e Axt deslizam
como em uma suave bossa nova.
"Isn't It A Pity" de George Gershwin e Ira
Gershwin foi calorosa e astutamente abraçada por todos. O impecável fraseado de
Sutton nunca foi tão delicado. Conjugada com a brilhante articulação de Merlaud,
"Isn't It A Pity" foi uma peça soberbamente elaborada. Sutton e
Merlaud, outra vez, amalgamam-se como unidade em "Beautiful Love". Este
samba lírico foi incrementado por solo de baixo de Axt. A relação próxima de
Sutton com os letristas Marilyn Bergman e Alan Bergman foi homenageada com
trabalho ambicioso nas três peças de Bergman. Com música composta por Ennio
Morricone, "Cinema Paradiso/I Knew I Loved You" é seguida por "Moonlight"
(John Williams compôs a música). Os Bergmans ficaram amigos próximos de Sutton há
muitos anos. É fácil ouvir este sentimento em cada linha. Marilyn Bergman faleceu
em Janeiro de 2022. Uma interpretação emocionante de "A Child Is
Born"(música composta por Dave Grusin) de Bergman foi impactante e
apresentou Laws em cascata e a música cresce com dignidade e graça. Estoicamente,
Sutton compartilhou sua vulnerabilidade abrangendo seus sentimentos e
sintonizando-os em momento real e tocante.
"Pure Imagination" pareceria ser uma canção
perfeita para ajustar a habilidade de Sutton para reimaginar. Foi, realmente, o
jogo vencedor, um sucesso acima do esperado. A cativante entrada da guitarra de
Merlaud inicia um magnífico envolvimento com Sutton. Merlaud alterna duos com a
voz de Sutton e scat. Seus
intercâmbios em "Pure Imagination" são excelentes. Sutton frequentemente
usa sua voz como um instrumento. Aqui, Sutton penetrou com tal emoção no
segundo verso que como se uma terra mágica de pura emoção estivesse diretamente
lá nas pontas dos dedos. Ela não é uma vocalista com uma banda atrás dela. Ela
é parte da banda. Suas vocalizações são tratadas pelos companheiros de banda
como um instrumentista adicional. Um trio passa a ser um quarteto, um quarteto
vem a ser um quinteto.
Movendo-se em uma direção de uma batida animada,
"Doralice" tem a banda balançando. Sutton, Merlaud e Axt estão firmes
com uma conversação cerebral. "August Winds" foi impecavelmente
interpretada em moda pitoresca. Axt estendendo seu melódico solo no baixo. Cole
Porter entra em cena com a reimaginação, por Sutton, da sua "You'd Be So
Nice To Come Home To". A marca da abordagem de Sutton foi como se significasse
“ estar presente”. Fascinante ouvir as mentes de Porter e Sutton convergirem
como se eles estivessem trabalhando lado a lado. Sutton deixa sua banda voar na
última música, intitulada "Chorado". Laws deixou seu melhor solo para
o fim, com a banda pontuando uma fina gravação.
Mais uma vez, Sutton reformulou e reinventou o passado dentro
de uma moderna perspectiva. Memórias preciosas permanecem intactas, mas são
também vistas e ouvidas com uma perspectiva nova. É magnífico.
Faixas : Triste;
April in Paris/Free Man in Paris; Zingaro; Isn't It a Pity; Beautiful Love;
Cinema Paradiso/I Knew I Loved You; Moonlight; Pure Imagination; A Child is
Born; Doralice; August Winds; You'd Be So Nice To Come Home To; Chorado.
Múscos: Tierney
Sutton: vocal; Serge Merlaud: guitarra
acústica; Kevin Axt: baixo; Hubert Laws: palhetas.
Fonte: Jim
Worsley (AllAboutJazz)
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