Uma das fascinações de um dueto é como a tensão alternante e
o balanço entre os dois polos podem criar um humor de ponta a ponta, que difere
a partir de quaisquer partes constituintes. Abstração, particularmente, promove
esta espécie de ambiguidade, e é especialmente prevalecente na parceria da cellista
Tomeka Reid com o guitarrista Joe Morris em “Combinations”, que reúnem dez
músicas no programa, que inclui três reinterpretações do catálogo do free jazz ao lado de invenções irrestritas.
Após uma carreira prolongada que possui limites nas bandas do
pianista Matthew Shipp e do saxofonista David S. Ware, Morris veio a ser um
antigo instrumentista da cena do avant-garde
tão bem quanto um educador crescentemente frequente. Reid, mais que os 20 anos mais
recentes, tem já expandido suas asas desde que emergiu da AACM de Chicago, liderando
seu próprio quarteto em seu disco homônimo de estreia (“Thirsty Ear”, 2015) e “Old New (Cuneiform, 2020) ”. Juntos
eles constituem metade do grupo cooperativo Geometry,
cuja oferta, “Geometry Of Distance (Relative Pitch, 2019) ” foi gravada dez
dias depois deste encontro.
O espírito prosaico do trabalho denominado para o álbum também
estende a intitulação a muitas das peças individuais. Porém, enquanto
descritivo em um nível, tal funcionalidade oculta a mágica contida neste ponto.
Liberado dos papéis tradicionais dos seus instrumentos, o par é capaz de
favorecer o intercâmbio de ideias e texturas, que sugere apenas a mais breve confluência
entre duas correntes independentes, ainda permanece plenamente cônscio de cada
outra trajetória, que pode ser ouvido na amorosa abertura de "Are You
Ready?" e na explosiva "Together Yet Always Apart". Em algumas
faixas eles alteram seus perfis sonoros com preparações, com Morris, de algum
modo, evocando uma orquestra gamelão (NT:
Designação genérica de
orquestras indonésias com instrumentos típicos [gongos, xilofones, tambores etc].) em
"Percussive Play", que segue sua própria lógica fantástica para
culminar em ecos das danças dos Balcãs.
Porém, o que eleva este passeio é a inclusão das
reinterpretações de dois dos alunos da AACM, do violinista Leroy Jenkins e um
do violinista Billy Bang. Continua uma tendência de celebrar a história da AACM,
inaugurada por Reid, ao lado do flautista Nicole Mitchell e do baterista Mike
Reed em “Artifacts (482 Music, 2015) ”, e manifesta em todo lugar, notavelmente
seu encontro maravilhoso com o pianista Alexander Hawkins em “Shards And
Constellations (Intakt, 2020) ”.
Ela e Morris conduzem todas as três peças bastante
livremente, as quais eles ajustam bem com o resto do trabalho, enquanto ao
mesmo tempo adicionam apoios da configuração da forma no meio da espontaneidade.
Eles tomam "Chicago" em um tempo sem pressa, muito mais elegíaco que
o staccato original que, como a faixa mais longa do disco, permite amplo campo
para digressão brincalhona. Com o arco na mão, Reid lidera a linha em "New
York" extraindo a essência de cada música. "Rainbow Gladiator" de
Bang encerra o disco com poderoso suingue, que encontra Reid emulando uma
batida nas cordas do baixo conforme Morris improvisa.
Faixas : Are
You Ready?; Chicago; Together Yet Always Apart; Parallax Strolls; Percussive
Play; New York; In The Mid Ground; Talking Drums; Skim The Surface And Plunge
The Depths; Rainbow Gladiator.
Músicos: Tomeka Reid: cello; Joe Morris: guitarra elétrica.
Fonte: John
Sharpe (AllAboutJazz)
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