O guitarrista Michael Musillami e o pianista Peter Madsen têm
viajado muito pelos mesmos círculos, com o selo Playscape de Musillami exibindo os músicos em inúmeros de seus
projetos independentemente derivados. Porém, eles não trabalham,
frequentemente, lado a lado. Junto à gravação do sexteto de Musillami, “Dachau
(Playscape, 2006)”, os dois têm apenas apareceram juntos em um disco duplo, “Part
Pitbull (Playscape, 2002) ”. Suas renovadas parcerias cintilantes em “Pictures”
exibem anos intermediários em que nada diminuiu suas químicas intuitivas e
instrumentos técnicos de primeira classe.
Os músicos desenvolveram-se em contextos mais amplos: o
excelente disco do quinteto “Life Anthem (Playscape, 2018)” observa Musillami
ou o octeto de Madsen em “Never Bet the Devil Your Head (Playscape, 2018)”. Porém,
conforme Musillami explana em suas notas para o disco, os dois compartilham uma
predileção para a "imediatez e reação ligeira do tempo, que se pode
experimentar em um trabalho em duo " e “Pictures” é certamente uma prova
disto. Inspirado livremente em Pictures
at an Exhibition (NT: Quadros de Uma Exposição) de Modest Mussorgsky, o álbum
é essencialmente um trabalho de nove tributos para figuras musicais, cujas
influências têm modelado o pianista e o guitarrista e entre cada um deles
"passeia", o que promove um diálogo continuado, enquanto também serve
para suavizar as transições entre tributos. Com gigantes do piano abrangendo de
Cecil Taylor, Carla Bley e Randy Weston e legendas da guitarra, executam a
série através de Jim Hall, John Abercrombie e Joe Diorio, a variedade
estilística é extensa e estes breves interlúdios servem para purificar o paladar,
assim para falar, são meritórios.
Projetos desta natureza podem facilmente entregar um
repertório de exercícios, mas como foi evidente em “Dig (Playscape, 2019) ”, o
tributo de Musillami para Bill Evans com o baixista Rich Syracuse, o guitarrista
possui demasiada criatividade para cair em imitação sem originalidade. Nem Madsen
tem qualquer intenção de simplesmente reproduzir os pianistas homenageados aqui:
enquanto "Cecil Taylor" tem poucos floreios do esquema de Taylor, e
"Thelonious Monk" possui uma vibração caracteristicamente animada fora
de ordem, não há nada secundário nestas peças. Cada uma faz o bastante para nos
lembrar das suas inspirações, enquanto providenciam momentos para improvisação
que são consistentemente inventivas e habilmente realizadas.
Além disso, um dos marcos da gravação é que alguns dos
momentos superiores da gravação de cada músico ocorrem quando o “contrário” do
seu instrumentalismo está sendo festejado. O conjunto extraordinário da
proficiência de Musillami em "Cecil Taylor" é um caso em questão, como
são as explosões de Madsen em "John Abercrombie". Algum senso de
genuíno débito é sentido pelos músicos em relação a estes heróis musicais, um débito
que é recompensado não com pastiche, mas com a habilidade para encontrar seus
próprios recursos pessoais a partir dos quais constroem seus próprios legados.
Ouvir o trabalho destes dois mestres é um deleite. Esperemos
que não tenhamos que esperar muito, antes deles tornarem a se reunir outra vez.
Faixas : Promenade
One; Cecil Taylor; Promenade Two; Robert Paris; Promenade Three; Carla Bley;
Promenade Four; John Abercrombie; Promenade Five; Thelonious Monk; Promenade
Six; Joe Diorio; Promenade Seven; Dave Brubeck; Promenade Eight; Jim Hall;
Promenade Nine; Randy Weston; Promenade Ten.
Músicos: Michael
Musillami: guitarra; Peter Madsen: piano.
Fonte: Troy
Dostert (AllAboutJazz)
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