Se o trabalho de qualquer compositor de jazz empresta a si
mesmo um elegante reenquadramento, em oposição ao adoçamento grosseiro por uma
orquestra de câmara, é o que faz John Lewis, cofundador do Modern Jazz
Quartet. A ambição de Lewis, mais frequentemente e metaforicamente realizada,
às vezes literalmente assim, foi para encontrar uma síntese do blues e Bach. Sua
mistura foi majoritariamente bem-sucedida e apenas, ocasionalmente, em
incursões autoconscientes de "terceira via" musical, fez sua vibração
inata vir a ser subsumida na árida academia.
Lewis compôs e gravou um largo corpo de trabalho sob seu
próprio nome e para outro líderes de grupo, mas para muitas pessoas sua
apoteose foi com o MJQ. O pianista Enrico Pieranunzi e o arranjador Michele
Corcella, aqui liderando a Orchestra Filarmonica Italiana, aparecem para
concordar para todas, menos uma das peças no delicioso “Blues & Bach: The
Music Of John Lewis”, que foram compostas por Lewis para quarteto. A exceção,
"Autumn In New York" de Vernon Duke, foi gravada pelo MJQ para sua
estreia no álbum “Modern Jazz Quartet (Prestige, 1953)”. Um mais acurado, embora
desajeitado, subtítulo para “Blues & Bach” seria The Music John Lewis
Composed For The MJQ.
De qualquer forma, ao lado da perenidade de Duke, há sete originais
de Lewis: "Skating In Central Park", "Spanish Steps",
"Vendome", "Django", "Concorde", "Milano"
e "Jasmine Tree". Meras sete faixas, possivelmente, não poderiam
incluir todas as músicas favoritas de Lewis/MJQ, mas há uma boa chance que a
maioria destes títulos estariam na maior parte das preferidas pelas pessoas. A
menos conhecida é provavelmente "Jasmine Tree" de “Under The Jasmin
Tree (Apple, 1968”), uma beleza que seguramente merece sua inclusão.
Como colaboradores deste projeto, Pieranunzi e Corcella estão
bem adaptados. Pieranunzi é tão bem versado em música clássica como no jazz, enquanto
Corcella foi indicado para lista de classe dos músicos do jazz, incluindo Dave
Liebman, Steve Swallow, John Taylor e Norma Winstone. Pieranunzi lidera seu
trio regular com o baixista Luca Bulgarelli e o baterista Mauro Beggio.
Corcella conduz dez instrumentistas, sendo cinco instrumentos de cordas, quatro
instrumentos de palhetas e um metal. Ele é também creditado como arranjador,
mas se isso é da Orchestra Filarmonica Italiana, ou a orquestra mais o
trio de Pieranunzi, não está claro. É inconcebível, entretanto, que Pieraunzi tenha
sido um espectador passivo do processo, mesmo que Corcella tenha escrito os
primeiros rascunhos.
O projeto esteve vários anos em andamento, como indicado por
uma performance em um concerto com um clip no YouTube em 2018 com uma orquestra
consideravelmente mais ampla. O álbum não foi gravado até o final de 2021, e foi
plenamente afiado com ajustes e foco fino acontecendo entre os tempos.
É tolo e presunçoso atribuir opiniões a pessoas que não
estão mais conosco. Porém, é provavelmente seguro dizer que as chances são que Lewis
desfrutaria “Blues & Bach”. As orquestrações trazem novas facetas às
composições familiares e são tão leves quanto o material de origem, embora o
trio de Pieranunzi, coletivamente e como solistas, mantenha a música firmemente
no reino do jazz criativo.
NR: Seria fascinante ouvir como Bach teria trabalhado com o blues.
O mais próximo que provavelmente chegaremos é “Blues On Bach (Atlantic, 1974”) do
MJQ, um álbum conceitual construído em torno do blues composto por Lewis baseado
em vários coros e fugas de Bach.
Faixas: Skating In Central Park; Spanish Steps; Vendome;
Autumn In New York; Django; Concorde; Milano; Jasmine Tree.
Músicos: Enrico Pieranunzi: piano; Luca Bulgarelli: baixo;
Mauro Beggio: bateria.
Orchestra Filarmônica Italiana: Cesare Carretta: primeiro
violino; Silvia Maffeis: segundo violino; Erica Mason: viola; Nicolo Nigrelli:
cello; Andrea Sala: baixo; Serena Bonazzi: flauta; Carlo Ambrosoli: oboé;
Damiano Bertasa: clarinete; Luca Reverberi: fagote; Angelo Borroni: French
horn; Michele Corcella: arranjador e maestro.
Fonte: Chris May (AllAboutJazz)
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