” Songs from the Garret” de Adam Berenson é um CD solo
duplo, mas a essência de outros compositores ronda nas sombras. O nobre título
do álbum homenageia composições particulares de Steve Swallow, Carla Bley,
Michael Gibbs, Chick Corea e uns outros. Berenson, um compositor/tecladista bem
versado, adota uma abordagem inusual (para ele) de focar inteiramente em
reinterpretações. As peças em “Songs from the Garret” são amplamente descritas
por Berenson como " standards de Boston". Embora, a maioria
destas composições não sejam standards, muitas foram consideradas parte
de um repertório específico para a cena musical de Boston.
Berenson grava, tipicamente, trabalhos compactos. Seu
formato preferido são solos, duo e trio. Ele adota uma visão mais ampla em
relação ao seu teclado de escolha. No lançamento anterior pela Dream Play,
ele apresentou uma variedade de instrumentos. Live electronics em “Lumen
(2015)”, Fender Rhodes em “Every Beginning is a Sequel (2020)”, piano acústico
em “Assemblages (2021)” e meia-dúzia de samplers/sintetizadores em “Homages and
Worlds (2022)”. Para “Songs from the Garret”, Berenson utiliza o Sequential
Prophet XL com setenta e seis teclas, capturando completamente as vastas
vantagens da capacidade do instrumento.
Há dezessete faixas ecléticas ao longo dos dois discos. Três
composições de Michael Gibbs—"Sweet Rain", "A Family Joy" e
"Feelings and Things"— que são todas do álbum autointitulado de
estreia do trombonista em 1970. A Rodésia (agora Zimbabue) nativa quase
desapareceu das gravações como líder, entre os anos 1970 e 1990. Porém, ele
esteve firmemente ausente do negócio da música. Seus créditos incluem trabalhos
com Jaco Pastorius, Gary Burton e John Scofield. Outras composições são de Lyle
Mays, Miles Davis e Ornette Coleman.
Pode ser imprudente comparar versões de canções de artistas,
mas no caso de “Songs from the Garret”, tal qual uma avaliação, destaca a
facilidade de Berenson com o Prophet XL. A tomada de Gary Burton/Chick
Corea em "Falling Grace", por exemplo, é arejada, quase delicada com
o baixo distinto de Swallow. Berenson retem as etéreas propriedades do original,
até o espelhamento adicional de aprimoramento do piano e vibrafone de Burton.
"Chippie", originalmente de “Something Else!!! (Contemporary Records,
1958)” de Ornette Coleman é um exercício em tom semelhante ao vocal, carregado
primeiro pelo trompete de Don Cherry. Berenson completa essas qualidades,
simulando o som borbulhante de um órgão B3 para dar uma voz humana à música. A
primeira incursão completa de Miles Davis em projetos eletrônicos produzidos
ardentemente em "Petits Machins". Nas mãos de Berenson, a peça toma
uma tensão misteriosa, renovando, inteiramente, o humor da peça.
Uma simples iluminação que fala sobre a habilidade de Berenson
para estabelecer a propriedade de uma reinterpretação de "Claude and Betty".
De Eberhard Weber/Gary Burton, “Passengers (ECM, 1977)”, o original apresentado
de Pat Metheny, Dan Gottlieb e o compositor, Swallow. Berenson omite as dinâmicas
mais acentuadas da guitarra e vibrafone, optando pelos efeitos mais completos,
mas sutis do sintetizador. A própria reação de Swallow foi para louvor da
versão de Berenson como preferível à sua própria gravação. “Songs from the
Garret” é uma coletânea substancial que brilha onde a música sintetizada é
frequentemente redundante. A leitura de Berenson para estas peças é sempre inventiva,
e sua musicalidade estonteante não é ditada pela tecnologia, que ele emprega
tão habilmente.
Faixas: Open Your Eyes, You Can Fly; Nacada; Sweet Rain;
Falling Grace; A Family Joy; All The Things You Are; August; No Mystery;
Newborn; Arise, Her Eyes; Petits Machins; Chippie; Feelings and Things; My
Ship; Sing Me Softly of the Blues; Sweet Henry; Claude and Betty.
Fonte: Karl Ackermann (AllAboutJazz)
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