O Dedicated Men of Zion causou uma sensação global com
“Can't Turn Me Around” em 2020, a estreia do grupo pela Bible & Tire
Recording Company de Bruce Watson. O sacred soul amálgama de funk,
R&B e gospel negro resultou em um triunfante NPR Tiny Desk Concert e
performances no globalFEST e Fresh Grass Fest. “The Devil Don't
Like It” foi produzido outra vez pelo selo de Bruce Watson. Os vocalistas Anthony
"Amp" e Antwan Daniels, Marcus Sugg e Dexter Weaver são suportados
pelo grupo de Watson, o Sacred Soul Sound Section. Sua formação inclui
os guitarristas Will Sexton e Matt Ross-Spang, o baixista Mark Edgar Stuart, o organista
Al Gamble e o firme baterista George Sluppick. A maioria destas dez canções são
standards gospel interpretadas em nova e radicais maneiras.
A abertura, "Lord Hold My Hand", é um caso em
questão. Enquanto os vocalistas retêm a melodia original, a banda reinventa-a
rítmica, dinâmica e harmonicamente em um aceno direto a “Famous Flames” de James
Brown, completa com o baixo sacolejando, o B-3 inflamando e os golpes dos
compassos da guitarra. A estrutura do tempo borbulhante e empertigado com
abrangentes vocais em chamada e resposta para combinar a intensidade moderna. Em
contraste, a faixa título oferece uma lenta procissão gospel estruturada pelo latente
blues do Delta conforme os vocalistas surgem. Apenas após o protagonista
encontrar a graça de Deus é que o diabo aparece com seu feérico, ainda que impotente
raiva, e descontentamento. "One More River to Cross" é uma chamada em
alto registro, completada com palmas indisciplinadas, coros crescentes e
guitarras penetrantes. "Rock My Soul (In the Bosom of Abraham)" é um gospel-blues
gabola e caloroso que acumula firme e ressonantes harmonias vocais contra preenchimentos
pontiagudos do órgão e linhas de guitarra penetrantes. "God’s Got His Eyes
on You", provavelmente, uma das fixas mais finas do álbum, é ofertada em
um tempo condutor, a conversação entre vocais líderes e harmonias são firmemente
perfeitas, com piano extasiante, órgão, bateria e uma linha de baixo estourando
em direção ao êxtase espiritual. O wah-wah da guitarra funk em "A Change
Is Gonna Come" (não o clássico de Sam Cooke), que se casa com alegria,
soul sagrado para um arranjo vocal que relembra "Slipping Into
Darkness" de War. "I'm Going Home" sintoniza o conjunto boogie
do Delta de John Lee Hooker e R.L. Burnside, embora reivindicando o sulco da
espinha dorsal para Jesus. Em contraste, "I Know I've Been Changed" casa
profundo soul a hinos country e blues vaporoso. "Up Above My
Head" de Sister Rosetta Tharpe é interpretada fielmente como um dedilhado
roqueiro com guitarras fortemente distorcidas, um B-3 flutuante e uma bateria
suingante. A faixa de encerramento, "I'm a Soldier in God's Army", é
uma valsa lenta e comovente com harmonia em quatro partes, que casa um gospel
polido do pós-guerra ao profundo soul e folk-blues dos anos 70.
Como álbum, “The Devil Don't Like It” é mais forte que seu
predecessor. Contém melhor fonte de material oferecidos em uma apresentação
mais solta e relaxada. Devido a estes vocalistas e instrumentistas melhor familiarizados
um com o outro. Se tem uma lacuna, é que em 38 minutos ficamos querendo mais. Este
problema é bom para se ter.
Faixas
1 Lord Hold My Hand 03:12
2 The Devil Don't Like It 04:22
3 One River to Cross 03:07
4 Rock My Soul 03:49
5 God's Got His Eyes on You 04:08
6 A Change Is Gonna Come 04:41
7 I'm Going Home 03:55
8 I Know I've Been Changed 04:35
9 Up Above My Head 02:37
10 I'm a Solder in God's Army 03:47
Nota: Este álbum foi considerado, pela DownBeat, um dos melhores lançados em 2022 com a classificação de 4 estrelas.
Fonte: Thom Jurek (AllMusic)
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