Em 2017, aproximadamente, houve um encontro de mentes.
Compositores e músicos, Beasley e Magnus Lindgren, reuniram-se como almas
gêmeas e resolveram trabalhar em um projeto, envolvendo compartilhamento de
algo apreciado por eles, no caso, Charlie Parker. Este tributo para o homem que
veio a ser conhecido simplesmente como Bird,
teve dificuldade em alçar voo. Obstáculos, nada maior que a Covid, vieram
juntos no caminho. Dedicado à sua completude, a dupla junto com a SWR Big Band, têm agora prazerosamente
apresentado esta produção magistral para, merecidamente, entusiasmar a crítica.
Pessoas geniais não podem ser apressadas, mas podem ser alcançadas. Primeiro
por Parker, claro, e agora por Beasley e Lindgren, onde esta celebração
atrasada dos 100 anos do nascimento de Parker, ocorrida em 1920. A estreia foi em
2020, ao vivo, no The Hollywood Bowl.
Agora, “Bird Lives” reestreará, aproximadamente, dois anos depois com a Knoxville Jazz Orchestra em 04 de Abril de
2023. “Bird Lives” teve sua estreia europeia em Stuttgart, a casa da SWR Big Band, e também em Estocolmo no
outono de 2021.
Com a música selecionada de Bird with Strings, Live At
the Apollo (Columbia, 1977) e Charlie
Parker Plus Springs (Mercury Records,
1950), a visão não foi simplesmente para homenagear Parker, mas lançar nova
luz em sua música com ouvidos, olhos e recursos do século XXI. É um balanço
delicado de uma retribuição, sem sacrificar intencionalmente a luminosidade de
uma era passada. Faz senso usar o popular/bem conhecido material. O clássico de
big band "Cherokee" iniciou
a gravação. A canção composta por Ray Noble foi tocada, antigamente, por muitas
bandas. Não foi incomum, então, para sucessos de big bands sua
interpretação. "Cherokee", entretanto, é provavelmente melhor
recordada por uma versão do saxofonista tenor e alto Charlie Barnet e sua Big Band.
Beasley e Lindgren habilmente conectaram a composição de
Parker, "Koko", a esta tomada. "Koko" foi a primeira
incursão de Parker no bebop e veio a
ser uma canção popular. Mesclando o estilo de big band com bebop no princípio
desta gravação, expressando volumes conceituais. O crepitante sax tenor de
Chris Potter foi apresentado dentro de um suíngue aquecido de uma big band explosiva, após uma entrada
improvisada de Camille Bertault. Encrespada e multifacetada, o a seção de
sopros constrói um frenesi mercurial. A seção rítmica prepara tudo e arrasa,
antes de permitir a condimentada sucessão de notas para deslizar para um
balanço ao piano, e apenas conforme impulsiona perfeitamente juntos para
memorável e marcante melodia de "Cherokee". A familiar, e agora
aquecida e aconchegante lembrança, foi o pulsante e espirituoso solo moderno de
Potter. Se esta primeira faixa foi indicativa do que estava disponível nas
restantes sete faixas, então nós estamos presos a algo especial. E assim se provou.
"Summertime" é outro clássico do jazz que foi
interpretado e/ou gravado por uma pletora de diferentes artistas em uma variedade
de gêneros ao longo dos anos. George Gershwin e Ira Gershwin criaram a canção,
que pode ser tão facilmente alegre ou sufocante ou apenas, a depender do humor,
aquilo que você quer que seja. Os doces acordes melódicos do guitarrista
Klaus-Peter Schopfer capturaram a essência de Parker para o século XXI, junto a
uma expressiva e objetiva vibração da saxofonista Tia Fuller. Em 1947, Parker, agora
completamente engajado no bebop, tomou como sua "Scrapple from the
Apple"" da grande cidade e do estrangeiro. Beasley disseca a percussão,
abrindo uma nova ordem para o crepitante sax tenor de Lindgren. Tudo perpetuado
pelas cordas firmemente feridas ainda que tocada agradavelmente. Também,
referenciada como simplesmente "Scrapple", Parker singularmente usou dois
contrafatos ("Honeysuckle Rose" e "I Got Rhythm") em sua
composição. Deu-lhe, e agora Beasley e Lindgren, um amplo parque para diversões.
Beasley tomou o agrupamento do poder das ferramentas para furtivas paisagens e
constrói um arranjo robusto concebido para desenvolvimento. O brilhantemente
fluido arranjo foi destacado pela
assinatura de Beasley compreende paradas e seguimentos, que foram bem ajustados
para o trompetista Martin Auer.
Voltando a outro precioso standard, Joe Lovano batizou esta viagem de "I'll Remember
April", graciosamente sentindo e mantendo cada nota com a destreza similar
a Parker. As cascatas do tenor de Lovano sobre a fusão magnífica de
instrumentos de sopro e cordas. O delicado balanço criou aberturas melódicas
para a criativa barragem de suntuosas seleções de notas para Lovano. Uma SWR Big Band, poderosa e marcante a
partir do ataque, teve uma oportunidade a chance para se estender e agitar em "Confirmation"
de Parker. O robusto arranjo de Lindgren entrelaçou a furtividade da big band com o brilhante êxtase da
flauta de Lindgren. A banda foi firme e saltitante, mas, agradavelmente, não em
uma corrida. Fortemente pulsante pelos balanços do baixista. Não foi uma
corrida para o final. Em vez disto, uma exibição de breves solos apimentados
emergindo do suingue multifacetado de uma big
band. Os oito minutos mais a explosão fez Parker ficar orgulhoso da sua
intensidade e magia, enquanto o céu é o limite.
Muitas das composições de Parker viraram standards na indústria musical. Talvez,
nada mais que "Donna Lee". Aqui, nós temos a familiaridade
anteriormente mencionada de standards
com os quais Parker nos presenteou, ao lado de novas visões, embora a amplitude
de um moderno escopo e ouvido por um gênio coletivo do século XX e XXI. Beasley
tinha apenas vencido um Grammy de 2021 por "Donna Lee". O melhor
arranjo, a instrumental ou A Cappella,
foi concedido a Beasley por "Donna Lee" reimaginado em seu álbum “Monk'estra
Plays Beasley (Mack Records, 2020) ”. Isto não dissuadiu Beasley de convidar a popular
senhorita "Donna Lee" para o baile outra vez. Depois de tudo, é uma
composição de Parker e, claro, esta interpretação tem uma vida própria. Aqui a
percussão suave prontamente suínga no movimento com a seção completa de
instrumentos de sopro, envolvendo o saxofonista alto Miguel Zenón e as
criativas explorações do saxofonista tenor Andi Maile. Uma inteligente mudança
de direção desliga a banda, antes de uma vez mais irromper atrás do baixista Decebel
Badilla e, uma vez mais, as seleções elegantes de notas da flauta de Lindgren.
"Laura" se espalha muito bem, e não estava indo para
perder este cintilante afazer instrumental. O veterano saxofonista alto Charles
McPherson, não estranho aos trabalhos de Parker, e bem familiarizado com "Laura",
belamente encontrou um caminho para nos manter enraizados na era Parker, ainda
com rarefeitas cintilações das coisas a vir. "Overture to Bird" é o que foi pretendido ser. Um
grande final exibe os vastos e variados elementos que fazem, e continuam a
fazer, Parker um singular e épica voz no gênero. Lindgren, talvez, reservou sua
pulsação para o final com este estonteante e sensacional arranjo. A melodia rodopiando
e compartilhando o espaço com o suíngue e adornos superiores, dá um amplo
nascimento para o talento dos saxofonistas Mathias Erlewein e Klaus Graf para
sobressaírem, livremente, no momento.
“Bird Lives” é sedutor e excitante do início ao fim. Musicalidade
estelar, o melhor dos compositores do passado e atuais, todos aproveitados
juntos, como se fossem um.
Faixas : Cherokee/Koko;
Summertime; Scrapple From The Apple; I'll Remember April; Confirmation; Donna
Lee; Laura; Overture to Bird.
Músicos: John
Beasley: piano; Magnus Lindgren: saxofone tenor, flauta; SWR Big Band: banda/orquestra;
The SWR Big Band: banda/orquestra; Chris Potter: saxofone; Joe Lovano: saxofone;
Tia Fuller: saxofone; Charles McPherson: saxofone alto; Camille Bertault:
vocal; Pedrito Martinez: percussão; Munyungo Jackson: percussão.
Para conhecer um pouco deste trabalho, assistam ao vídeo
abaixo:
https://www.youtube.com/watch?v=zQGv-kYrso0
Fonte: Jim
Worsley (AllAboutJazz)
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