Matt Aronoff é um baixista qualificado que recentemente caiu
sob observação ao sustentar as orquestrações do saxofonista Remy Le Boeuf na
sua banda Assembly of Shadows, tão bem quanto tocando com o guitarrista
Gregg Belisle-Chi no seu excelente álbum “Book of Hours”.
Com “Morning Song”, ele estreia como líder, apresentando um
trabalho com peças gravadas ao vivo compostas por seu pai – que foi diagnosticado
com câncer - e comandando um quarteto internacional de músicos especiais, que
inclui o saxofonista tenor estadunidense, Jason Rigby (Mark Guiliana Jazz
Quartet, Alan Ferber BigBand), o tecladista espanhol Yago Vazquez e o baterista
portorriquenho Henry Cole (Miguel Zenón, Fabian Almazan Trio).
A faixa título foi desenhada para comunicar otimismo com uma
mistura descontraída e correntes energéticas. Parece ao mesmo tempo plácido e
inquieto. Vázquez quer mais que apenas ir com o fluxo da maré, e seu rápido
movimento colateral persuade Rigby a intercambiar um pouco de frases saborosas.
Aronoff também providencia um discurso cerebral com escasso acompanhamento no
Rhodes, antes cortejando uma música mais gentil e acenando para Debussy (em sua
fase inicial) com uma balada em 3/4, “El de Lun”. Estes dois primeiros números,
realmente, não surpreendem em sua plenitude, mas ainda anula o tédio mais
antigo com poucos bons detalhes antes de concluir.
Um interlúdio inteligível abaixo de três minutos anuncia “Hodgman”,
um tributo ao autor/humorista John Hodgman, que se desdobra tranquilamente com
uma estética glamourosa inspirada pelos traços mínimos de Four Organs de
Steve Reich. O balanço de condução ímpar que sustenta as experiências de solo
de alto voo de Rigby, um narrador incisivo, e Vázquez, que articula figuras
rítmicas e frases com qualidade apreciável, fez deste trabalho algo mais
envolvente.
As duas faixas que seguem, “June 25th” e “Blue Quokka”, são igualmente
excitantes, possibilitando o crescimento do álbum em emoção. Enquanto a segunda
encorpa uma fusion com complexidade e texturas peculiares e robustas, melodias
requintadas, iniciando com uma manobra post-bop encontra a avant-garde criada
por Rigby e Cole, agasalha a completa gravação com uma progressão blueseira e fluxo
firmemente suingante.
Faixas
1.Morning Song 10:09
2.El De Lun 10:15
3.Bass Interlude 02:55
4.Hodgman 09:49
5.June 25th 10:25
6.Blue Quokka 09:19
Músicos: Jason Rigby: saxofone tenor; Yago Vazquez: Fender Rhodes; Matt Aronoff: baixo; Henry Cole: bateria.
Nota: Este álbum foi
considerado, pela DownBeat, um dos melhores lançados em 2022 com a
classificação de 4 estrelas.
Fonte: JazzTrail
Nenhum comentário:
Postar um comentário