Nós podemos não nos referir mais à música e à criatividade da
cena de Amsterdam com o título cunhado pelo autor Kevin Whitehead como a New
Dutch Swing (Novo balanço holandês). Seu livro de 1998 do mesmo nome é descrito
nas origens do movimento do free jazz na Holanda e seus novos mestres
lendários tais como Misha Mengelberg, Willem Breuker, Han Bennink, Eric Boeren,
Ab Baars, Ig Henneman, Ernst Reijseger e Wilbert De Joode. Talvez um rótulo
poderia ser New Dutch Kings & Queens (Novos reis e rainhas
holandeses), como a cena de Amsterdam vem a ser o estado soberano de todas as
coisas free e músicos de todo o globo migraram para vir a ser cidadãos
da cena mais criativa. Nos anos de 1960 e 70 os gostos de Evan Parker, Peter
Brötzmann, Michael Moore e Sean Bergin encontraram inspiração na comunidade
holandesa. Hoje o mesmo corpo político é bem-vindo em gostos como John Dikeman,
Frank Rosaly, Luis Vicente e muitos outros emigraram para esta comunidade
criativa.
Adicione aos nativos de Amsterdam a saxofonista argentina
Ada Rave e o baixista canadense Aaron Lumley, dois terços do trio de free
jazz, Bioluminus. O terceiro membro, Onno Govaert é um baterista
demandado, que pode ser ouvido em “The Attic” com Gonçalo Almeida e Rodrigo
Amado, Luís Vicente 4tet, Cactus Truck com Jasper Stadhouders e John Dikeman e
o Kaja Draksler Octet com Rave. Todos os três músicos interagem e encontram
novas combinações dentro do reino criativo de Amsterdam. Bioluminus é
uma unidade criativa e fenomenal.
Esta gravação ao vivo de Maio e Junho de 2022 (consequentemente
os títulos) é o primeiro lançamento do trio. Ela cozinha e ferve sobre
múltiplos tempos nesta hora mais de música. Há uma abordagem vigorosa ao longo do
trabalho, não apenas no tenor de Rave, mas também no tempo assertivo mantido
por Lumley e na bateria enérgica de Govaert. Estas duas peças longas vagas (nos
aspectos positivos da palavra) através de campos de energia e passagens
meditativas. Rave primeiro dá uma pausa em seu ataque para as expressões do
arco de Lumley e as experimentações sonoras de Govaert, pegando outra vez seu
tenor, agora alterado, com objetos inseridos para desordenar o som. O trio
favorece um fluxo contínuo de energia todo composto por um eterno impulsiona/segura
entre os instrumentistas. Um solo de bateria é seguido por explorações em
registros altos do saxofone soprano e do baixo antes de um blues arrastado e
lento ser provocado pelo trio. Eles criam um tipo similar de momento, que você
deve esperar de uma performance de Evan Parker, mas com um limite mais
agressivo. O trio atua como se passasse shampoo, ensaboasse/enxaguasse/repetisse
em sua segunda faixa. Quanto mais sujo fica o som deles, mais clara fica a
experiência da audição.
Faixas: 9th Of June; 8th Of May.
Músicos: Personnel
Ada Rave: saxofone tenor; Aaron Lumley: baixo acústico; Onno
Govaert: baterIA.
Fonte: Mark Corroto (AllAboutJazz)
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