Após 26 anos de gravação em duo, é possível agora
decodificar a música de Ivo Perelman e Matthew Shipp? A palavra "decodificar"
é usada aqui porque seus esforços, aproximadamente tudo
livremente improvisado, são uma linguagem musical que os dois músicos criaram.
Como os duos de Steve Lacy/Mal Waldron, seus sons são instantaneamente
reconhecíveis. Em contraste, entretanto, onde Lacy e Waldron frequentemente
começaram com uma música familiar de Thelonious Monk, o brasileiro Perelman e o
estadunidense Shipp criam uma singular linguagem franca.
A viabilização de seu 18º lançamento como um duo, entre
aproximadamente 45 outras sessões de orquestras, o saxofonista tenor e o
pianista gravaram juntos. Como uma regra geral, se você não está familiarizado
com os lançamentos anteriores dos músicos, você iniciaria com seus trabalhos
iniciais para entender a música. Mas aqui não é necessário, como este
lançamento é um perfeito ponto de entrada. Um pouco de explanação, entretanto,
deve ajudar. Os músicos tem um profundo conhecimento de música clássica, popular
e jazz. Seus estudos progrediram para o ponto, onde eles internalizaram e,
subsequentemente, descartaram formas convencionais, criando uma nova linguagem.
Perelman favorece um ataque de registros altos e Shipp apresenta blocos de
acordes e uma abordagem dançante para o teclado.
Os ouvintes tradicionais do jazz devem relutar em relação ao
som, mas que todos, jovens (e talvez você, um ouvinte aventureiro) devem ter o
requisito de mentes abertas —e desse modo a habilidade—para abraçar estes sons.
As onze faixas fluem e flutuam com sons entrelaçados, que agem como uma
conversação familiar, indivisível onde Shipp ou Perelman podem encerrar o
pensamento de cada um deles. A delicadeza de faixas como "Nine"
"Fourteen" e "One" é agradavelmente contrastada por ataque
sonante de Perelman de "Ten" conforme Shipp foca no trabalho para
finalizá-lo ao piano. Sua mão esquerda emite notas baixas, enquanto o saxofone
em registro alto é traçado pela mão direita. A música completa, frequentemente,
invoca um componente visual. Mesmo aqueles de nós que não tem sinestesia devem
formar uma impressão ótica destes sons brilhantes.
Faixas:
Nine; Thirteen; One; Seven; Fourteen; Two; Six; Three; Four; Ten; Eleven.
Fonte: Mark Corroto (AllAboutJazz)
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