Aos 78 anos e com aproximadamente seis décadas de carreira, o
baixista estadunidense Rufus Reid (Dexter Gordon, Stan Getz, Eddie Harris) não
tem nada para provar, mas mantém empurrando o conjunto do seu jogo sábio. Ele divulga
um novo álbum pela Sunnyside ao lado do pianista Sam Allee e o baterista Duduka
da Fonseca – os companheiros do trio que joga com ele desde 2011- e o “The
Sirius Quartet” (em faixas selecionadas). A primeira colaboração entre o
baixista e seu aclamado grupo de cordas ocorreu em 2017 com o Territorial
Dance, que saiu no selo dedicado ao vinil, Newvelle Records. Na verdade, todas
as oito composições escolhidas para esta gravação ressurgem em “Celebration”, mais
três novas peças: duas delas (aqueles que estão sustentando o álbum) apresentando
o baterista Kenneth Salters.
“Celebration” de Reid nos saúda como uma nota de bem-vindo, atuando
com grande espírito, enquanto constrói uma figura assimétrica no âmago de sua
textura. Às vezes, nos lembra os álbuns de post-bop de Kenny Barron dos anos 80
e 90, nós podemos ouvir as cordas brilharem e a mobilidade dos sentimentos do jazz
de Allee injetando liberdade em poucos compassos. Salters intercambia com a
banda antes de arredondar o tempo para estabelecer o tema final. A nova peça restante é “The Rise of the Row”, uma
das duas composições de Allee, onde Reid dobra e desliza suas notas com intenso
virtuosismo.
Seu toque lúcido e saboroso, no acompanhamento e improvisação,
nunca está em questão, e três peças inspiradas em Coltrane, neste álbum, podem
confirmar isto. “This I Ask of You” inicia com as cordas imersas em efetivo pizzicato
contrapuntal antes de fluir com um sentimento romântico de tango. “It’s Time to
Shout it Out”, baseado em "Resolution" da obra-prima A Love Supreme,
alterna uma espiritualidade sonhadora e modal com um suingante e sobrenatural
fluxo e “Tranescape” é uma balada inelutável impulsionada pelo nos suaves do
trabalho das vassourinhas e pratos de Da Fonseca.
A interpretação de “Cedar’s Blues” de Cedar Walton é um
trabalho vibrantemente suingante, que providencia momentos prazerosos, enquanto
“One for Amos” (uma dedicação do baixista Sam Jones ao lendário dono de clube
de jazz Amos Kaune), é infundido com uma franqueza suave do blues. Também
fazendo parte deste repertório saboroso está “Celestial Dance” de Reid, que
primeiro apareceu em álbum de quinteto, em 2003, “The Gait Keeper”. Nesta
versão corrente, o trio muda e navega no ritmo com naturalidade, encerrando com
uma meditação em rubato.
Reid presenteou com graça do suíngue e do balanaço, mesmo
quando apenas 'caminhando' com seu baixo. Sua experiência e som realiza cada nota
que ele toca, que fala a essência do jazz.
Faixas
1.Celebration
08:47
2.Cedar's
Blues 03:19
3.This I
Ask Of You 04:44
4.It's
Time To Shout It Out 04:48
5.Celestial
Dance 05:19
6.Tranescape
04:42
7.Tippin'
06:06
8.You
Make Me Smile 05:11
9.Falling
In Love 06:56
10.One
for Amos 04:45
11.The
Rise of The Row 09:50
Este disco foi considerado, pela
DownBeat, como um dos melhores lançados em 2022 com a classificação de 4
estrelas.
Fonte:
JazzTrail
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