“March” do baterista Tomas Fujiwara, outra oferta do seu
sexteto Triple Double, foi gravada em Dezembro de 2019, antes da agitação
racial generalizada que se seguiu aos assassinatos de George Floyd, Breonna
Taylor e muitos outros em 2020. Porém, sente-se completamente de acordo com
esses protestos, com uma raiva incontrolável e impaciência que animam cada
momento deste álbum absorvente. Criando música que parece perfeitamente
adequada para uma era tumultuosa, os instintos composicionais de Fujiwara estão
no local, e ele organiza os talentos de seus colegas com uma segurança
cultivada por anos de parceria frutífera.
O lançamento de estreia da banda, “Triple Double (Firehouse
12, 2017)”, estabelece o modelo que é continuado aqui, com Fujiwara e Gerald
Cleaver na bateria, ao lado do par de guitarra (Mary Halvorson e Brandon
Seabrook), e um trompete/cornet ligados em paralelo (Ralph Alessi e Taylor Ho
Bynum). As diversas permutas disponíveis estão lá, e Fujiwara toma vantagem
completa delas. A abertura, "Pack, Up, Coming For You", inicia com um
dos "trios", Fujiwara com Halvorson e Bynum, trabalhando em um
ostinato de medida ímpar de Halvorson antes dos outros três assumirem, este
tempo com Seabrook na parte em ostinato ao lado de Cleaver e Alessi. Ao final
da faixa todos os seis músicos reúnem-se para uma travagem final.
Outras faixas experimentam diversas configurações. Os
bateristas se afastam um do outro durante a espirituosa "Life Only Gets
More" como dos guitarristas, com Halvorson assumindo a primeira melodia e Seabrook
tomando um papel suporte, antes dos papéis reversos e Seabrook tem a chance de
dar um passo à frente. Os instrumentos de sopro ganham um pouco mais de
alavancagem em "Wave Shake and Angle Bounce" com Alessi e Bynum em
pleno voo sobre a base rítmica fervilhante providenciada pelas guitarras e
bateria. Seabrook e Halvorson geram turbulência. Raramente tem Halvorson soado
tão agressivo em seu instrumento, e as próprias contribuições fervorosas de Seabrook
fazem muito para acender o poder de fogo dos instrumentos de sopro.
A música ocasionalmente baixa sua temperatura, conforme Bynum
e Alessi exploram um lamentoso devaneio no início de "The March and the
Storm Before the Quiet of the Dance", mas as faixas funcionam em seu
caminho com frenesi antes de muito tempo, com o grupo outra vez dando plena voz
ao seu descontentamento, com Halvorson e Seabrook montando um balanço maníaco
de rock progressivo de Fujiwara e Cleaver. E a paradoxalmente denominada
"Docile Fury Ballad" é apenas fascinante, mas com a ênfase colocada
mais na fúria do que na docilidade. Apenas "Silhouettes in Smoke" faz
o grupo permanecer em registro sóbrio, conforme Fujiwara, aqui, toca o vibrafone
para complementar algumas reflexões lânguidas pelos instrumentos de sopro, enquanto
os guitarristas conseguem se segurar em cheque para a duração da peça.
A única deficiência do álbum, realmente, é sua relativa
brevidade. O tempo total de 53 minutos é ilusório, conforme a faixa consiste em
17 minutos da improvisação da bateria de Fujiwara/Cleaver, "For Alan, Part
II". Um seguimento de "For Alan" a dedicatória baseada na
bateria do mentor de Fujiwara, Alan Dawson encontrado no Triple Double, as
pulsações da faixa com o poder combinado de dois percussionistas trancados em
relacionamento hermético. Porém, não pode combinar a intensidade coletiva do
sexto completo, sendo em sua maioria indisciplinado. Indiferentemente, O que Triple
Double faz em “March” é absolutamente de primeira classe, e mais que
bastante para nos manter até o próximo passeio do grupo.
Faixas:
Pack Up, Coming For You; Life Only Gets More; Wave Shake and Angle Bounce; The
March and the Storm Before the Quiet of the Dance; Docile Fury Ballad;
Silhouettes in Smoke; For Alan, Part II.
Músicos:
Tomas Fujiwara: bateria, vibrafone (6); Gerald Cleaver: bateria; Mary
Halvorson: guitarra; Brandon Seabrook: guitarra; Ralph Alessi: trompete; Taylor
Ho Bynum: cornet.
Fonte: Troy Dostert (AllAboutJazz)
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