Como tem se manifestado nos palcos do mundo e em notáveis
lançamentos como “Luminosa” e “Claroscuro (Anzic Records, 2015, 2012)”, a
clarinetista nominada ao Grammy, a profunda fascinação e deleite com a música
do mundo da compositora & líder Anat Cohen, especialmente a quente mistura
do Brasil com ritmos do Sul da África, suingue cajun e dança europeia, faz de “Quartetinho”
uma audição irrepreensível.
Infundido e repleto de uma grande quantidade de melodia à
esquerda, à direita e ao centro, a carismática Cohen toma poucos passos atrás
do seu tenteto magistral do lançamento “Triple Helix (Anzic, 2019)” para a
estreia do seu novo quarteto world-folk, Quartetinho. Jogando umas com
as outras travessuras expressivas e melodiosas, Cohen e seus companheiros,
Vitor Gonçalves ao piano, acordeón & Rhodes, o baixista Tal Mashiach, junto
com James Shipp atuando no vibrafone, percussão e sintetizador analógico, tecem
um intimista e lírico balé, repleto de cor e concepção.
Começando com o zumbido de Shipp, a dissonância em rubato,
"Baroquen Spirit" rapidamente estabelece a interação rapsódica que
define “Quartetinho”. O clarinete baixo de Cohen, sua entonação popular, rústica
e ousada, primeiro emparelhamento das vibrações de Shipp, então junta-se ao
centro emotivo de Goncalves para criar uma atmosfera de melancolia jubilosa. É
um delicioso começo.
Um tecelão de sonho do primeiro grau, a infinitamente
recompensadora de Cohen, "Palhaço", segue. A coesa mistura de solos
vibrantes de Cohen, Gonçalves e Shipp, realizaram juntos emocionante delicadeza
de Mashiach, "Palhaço", é a primeira de muitas performances notáveis.
Com o quarteto completo pulando das batidas do baião (uma firmemente sincopada com
dupla métrica), o próximo destaque, a tomada moderna delirantemente descolada
de Shipp do standard brasileiro, "Boa Tarde Povo", é
maravilhosamente reminiscente de muitos dos momentos mais modernos encontrados
no repertório do Herbie Hancock Headhunters.
Construído em torno de um Rhodes sombriamente texturado e movidos
pelo 6/4, Cohen confronta a exuberância de Shipp com "Birdie". Porém,
o espírito de Cohen e temperamento certificam-se de que não está escuro por
muito tempo. Seu desarmamento divertido, um trabalho de segunda linha do blues em
"Louisiana" apresenta Shipp e Goncalves, tendo um dia de campo de amarelinha
uns aos outros, em meio a um leve pizzicato de Mashiach. Uma caprichosa e
energética composição do filho nativo do Brasil, o guitarrista & compositor
Egberto Gismonti, "Frevo", compensa ainda a complementar o fechamento,
a introspecção do Velho Mundo de "Vivi & Zaco" conforme Mashiach assume
sua guitarra acústica, Goncalves tem o acordeón para criar uma bem-vinda
cortina para Cohen e Goncalves para discutir seus pensamentos e inquietudes,
enquanto passeia em um tranquilo lado da rua em São Paulo. Dois anos em
formação (como aconteceu com tudo, exceto nossa política complicada, a epidemia
dos últimos par de anos encerrou a banda após seu primeiro show em Março em
2020). “Quartetinho” nunca decepciona ou engana.
Faixas: Baroquen Spirit; Palhaço; Boa Tarde Povo; Birdie;
Canon; O Boto; The Old Guitar; Frevo; Louisiana; Going Home; Vivi & Zaco.
Músicos: Anat Cohen: clarinete; Vitor Gonçalves: acordeón, Rhodes,
piano (todas as faixas); James Shipp: percussão, vibrafone, sintetizador
analógico (todas as faixas); Tal Mashiach: baixo, guitarra acústica (todas as
faixas).
Fonte: Mike Jurkovic (AllAboutJazz)
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