“ARC”, o quinto lançamento do trio Bloodmist, deve ser a
resposta do século XXI para o trabalho seminal de Lou Reed, “New York (Sire,
1989)”. Não que este “ARC” seja um álbum de rock, porque certamente não é. Não
tem letras, nem referências a avenidas sujas, mistérios da loja de dez centavos
ou morte do sonho estadunidense. Só que a desgraça que Reed canta está plenamente
exposta aqui.
O trio é composto por clarinete mais a eletrônica de
Jeremiah Cymerman, Mario Diaz de Leon nos sintetizadores mais drum machine (bateria
eletrônica), e o baixista Toby Driver. Como os lançamentos anteriores do Bloodmist,
a música permanece em uma aura de humor e som. Com “ARC”, o som do trio amadureceu
em uma apresentação completa, construída sobre a escuridão e sombra, prateleira
e ruína. Porém, isto não é espírito adolescente angustiado. É mais estruturado,
como nós ouvimos na faixa de abertura "Battle Mountain”, onde a árdua
pulsação prefigura o clarinete fragmentado e a estática de sinais elétricos. Como
outros lançamentos de Cymerman, seu “Systema Munditotius, Vols. 1 & 2”
(5049 Records, 2020 & 2021, respectivamente), e o mais excelente “Decay of
the Angel (5049 Records, 2018)” há mais consideração e o planejamento vai para
o desenho sonoro. Camadas são trabalhadas sobre reverberações que ecoam como
uma estratégia intencional. Cada músico está encerrado em sua orientação, escura
como é. A música ajusta-se bem com a citação do famoso Thelonious Monk, "É
sempre noite, ou nós necessitaríamos da luz".
Faixas: Battle Mountain; Creston; Red Canyon; Santa
Filomena.
Músicos: Jeremiah Cymerman: clarinete; Toby Driver: baixo;
Mario Diaz de Leon: sintetizador; Mario Diaz de Leon: drum machine (bateria
eletrônica); Jeremiah Cymerman: eletrônica
Fonte: Mark Corroto (AllAboutJazz)
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