Enquanto muitos homens e mulheres abordam a comemoração dos
seus sessenta anos com visões de aposentadoria, o pianista e iconoclasta
Gonzalo Rubalcaba, com seu ouvido perceptivo para a dança folclórica e densa
improvisação, move-se tão longe quanto possível da ideia de aposentadora e atinge
outro pico de perfeição em “Borrowed Roses”.
Diferente de suas anteriores gravações solo estilísticas e
impressionantes —o vencedor do Grammy Latino, “Solo (Blue Note, 2005)” e do
espírito limpo de “Fe Faith (5Passion, 2019)” —"Borrowed Roses” contempla
canções populares e standards.
Saindo de mais uma vitória no Grammy por “Skyline (5Passion,
2022)”, um lançamento em trio altamente diferenciado com Ron Carter e Jack
DeJohnette, Rubalcaba, expressou esta música, com imaginação e criatividade, e
nunca como uma coisa estática. Ele foca sua formidável destreza interpretativa em
duas joias melódicas de Billy Strayhorn, "Chelsea Bridge" e
"Lush Life", centrando as melodias dentro de si, optando por não lhes
apoiar com os ricos acentos harmônicos, que fizeram os originais memoráveis. Isso
não implica de forma alguma que a abordagem e o toque de Rubalcaba seja
qualquer coisa menos que memorável.
Levado de costas um para o outro e guiado pelo fluxo lírico,
os dois clássicos de George Gershwin, "Summertime" e "Someone To
Watch Over Me" vêm a ser uma peça só, cada uma se glorificando no exterior
(a estação do sol) e a interior (a estação da saudade). Talvez não seja um par
original (dadas as muitas vezes que cada uma foi executada ao longo das décadas),
mas, certamente, inspirador, e que destaca a intrincada delicadeza e
determinação de Rubalcaba.
Se não fosse pela instantânea familiaridade com a mudança de
jogo de Paul Desmond em "Take Five", esta performance poderia ser
tomada como uma das composições que desafiam o tempo do próprio pianista, sua
coordenação e improvisações solo mantendo a pegada. Mais e mais instrumentistas
de jazz estão reconhecendo a profundidade e a durabilidade do repertório de John
Lennon-Paul McCartney, garantindo anos futuros de boa música. O pianista toma
seu lugar entre intérpretes verdadeiros, traduzindo o núcleo emocional de "Here,
There, and Everywhere" com a clareza que um sobrevivente dos Beatles se
maravilharia. Rubalcaba reflete e expande "Windows" de Chick Corea,
invoca e convoca Bill Evans em "Very Early" e fecha “Borrowed Roses”
com a elegância sussurrada de Sting na balada "The Shape of My Heart".
Faixas : Chelsea
Bridge; Summertime; Someone To Watch Over Me; Take Five; Here There and
Everywhere; Windows; Lush Life; Night and Day; In a Sentimental Mood; Very
Early; Do It Again; Shape of My Heart.
Para conhecer um pouco deste trabalho, assistam ao vídeo
abaixo:
https://www.youtube.com/watch?v=bJ4Kei-xk-g
Fonte: Mike
Jurkovic (AllAboutJazz)
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