A autointitulada estreia do Heavy Hitters, o mais
recente sexteto do pianista Mike LeDonne, tem o sentimento de um álbum tributo.
No entanto, diferente da maioria das gravações desta natureza, não está
presente um repertório clássico, já que todas as nove faixas são compostas por LeDonne
ou seu colega, o saxofonista tenor Eric Alexander. Em vez disto, é um tributo
para um som que LeDonne e parceiros estão buscando: neste caso, aquele do
período icônico, 1950-60, do selo Blue Note, quando artistas tais como Freddie
Hubbard, Joe Henderson, Wayne Shorter, Herbie Hancock e muitos outros
efetivamente colocavam sua marca no meio século do jazz. Desde o design
arrojado mas direto das capas dos álbuns, a escolha do espaço para a gravação,
o famoso estúdio usado pela Blue Note do
ex-produtor Rudy Van Gelder , “Heavy
Hitters” evoca a era de ouro do jazz com petulância e musicalidade de alto nível.
Os músicos não disfarçam suas dívidas musicais. A abertura crepitante,
"Hub", terá os fãs de Hubbard revisitando joias clássicas como “Hub-Tones
(Blue Note, 1963”) ou “Breaking Point (Blue Note, 1964)”, e a vibração profunda
de Horace Silver em "Silverdust" com uma cabeça de hard-bop que
navega sem esforço e com um balanço inegável. Em outros lugares, outras lendas
do jazz são reconhecidas, como "Cedar Land" é construída sobre uma
progressão de acordes de "Holy Land" do pianista Cedar Walton,
enquanto "This is Something New" é adaptada de uma música inconclusa
do saxofonista George Coleman.
Projetos desta espécie invariavelmente assumem riscos de
virem a ser meros exercícios nostálgicos, relembrando-nos da incomparável grandeza
dos titãs de idade. Embora existam momentos, aqui, no qual isso pode acontecer,
como um ouvinte temporariamente esquece que eles estão ouvindo algo não gravado
em 1965, mas em 2022, a abundância de forte toque ao longo do disco é mais que
o bastante para manter o interesse. Os solos de LeDonne são maravilhosos, mas
talvez ainda mais impressionante seja o seu acompanhamento, que é consistentemente
inventivo e ritmicamente tenaz: confira seu trabalho abaixo dos solistas no matiz
latino "Un Dia es un Dia" como evidência, onde ele explora com entusiasmo
para manter a música em movimento. Os instrumentos de sopro, que inclui não
apenas Alexander, mas também o saxofonista alto Vincent Herring e o trompetista
Jeremy Pelt, trazem uma plenitude de fogos de artifício aos procedimentos.
Porém, eles são também capazes de esculpir ruminações mais pensativas também. Declaração
emocionante de Alexander na adorável balada "Big Richard" é um caso
em questão. O conjunto de ribombos de Peter Washington e Kenny Washington é
difícil de bater, com instintos impecáveis para o suingue balançante.
Contudo, este é um lançamento satisfatório que extrai um
conjunto de finas contribuições dos músicos, que estão realmente entre os “heavy
hitters – NT: rebatedores pesados " da
geração deles. Fãs do jazz clássico apreciarão muito o espírito e dedicação em
exibição aqui.
Faixas:
Hub; New Day; Silverdust; Un Dia es un Dia; Big Richard; Chainsaw; This is
Something New; Cedar Land; Bluesit.
Músicos:
Mike LeDonne: órgão, Hammond B3; Eric Alexander: saxofone tenor; Jeremy Pelt: trompete;
Vincent Herring: saxofone; Peter Washington: baixo; Kenny Washington: bateria;
Rale Micic: guitarra.
Fonte: Troy Dostert (AllAboutJazz)
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