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quinta-feira, 25 de janeiro de 2024

HARVIE S, RONI BEN-HUR WITH SYLVIA CUENCA - WONDERING (Dot Time Records)

Um dos inconvenientes de ser um acompanhante consumado é que pode ser difícil encontrar tempo para os próprios projetos como líder. Este é certamente o caso do baixista Harvie S que, com uma longa carreira, tem se distinguido com um soberbo trabalho de apoio a Sheila Jordan, Don Friedman, Alan Broadbent e muitos outros. No entanto, a quantidade absoluta destas iniciativas possibiita realizar seus próprios lançamentos aproveitando as brechas. Esperançosamente, este não será o caso com “Wondering”, um álbum fino envolvendo um trio com o guitarrista (e colíder) Roni Ben-Hur e a baterista Sylvia Cuenca. Preenchida com charme subestimado, e compreendendo algumas ótimas escolhas de repertório, a dez faixas oferecem uma abundância de inteligência. É jazz bem tocado do início ao fim.

Harvie e Ben-Hur gravaram uma vez anteriormente, em “Introspection (Jazzheads)” em 2018, assim foi uma escolha natural para fazer um acompanhamento, desta vez com Cuenca assumindo as funções de bateria de Tim Horner. Os três possuem uma harmonia simpática que é completamente convincente, particularmente nas faixas com inflexão latina tais como "A Vontade Mesmo" de Raul de Souza, um samba espirituoso que traz o grupo tocando a partir do baixista e do guitarrista, e a maravilhosa "Ligia" de Antônio Carlos Jobim, uma vitrine para a maestria de Ben-Hur na nova forma de bossa nova. Os cortes diretos de jazz também são bastante eficazes, com uma interpretação memorável do clássico de Miles Davis & Gil Evans, "Boplicity", e tomada altamente suingante de "For Duke P" de Bobby Hutcherson. "Some Wandering Bushmen" de Herbie Nichols tem um apelo sinuoso graças ao trabalho cristalino de Cuenca nos tambores (para não mencionar seu solo pulsante), e "The Forks" de Kenny Wheeler dá a Harvie a oportunidade para demonstrar seu lirismo com um solo, que habilmente reflete a marca registrada melódica do compositor.

O baixista e o baterista apresentam, individualmente, uma composição. "Ray" é um tributo a Ray Brown, e o comum solo de bolso de Harvie há uma homenagem para seu predecessor, enquanto "What Was" de Ben-Hur fica em modo latino mais uma vez para destacar a sensibilidade do guitarrista com uma melodia encantadora. Através de tudo, Cuenca é a força que mantém o grupo junto, seu instinto veterano permitindo seu controle sobre a música para avançar com sutileza e graça. Ela também recebe o que merece na produção do álbum, agradavelmente ocupando o canal direito junto ao baixista e o guitarrista na esquerda, permitindo uma completa apreciação do temperamento igualitário deste trio excelente.

Faixas: Boplicity; For Duke P; Ligia; A Vontade Mesmo; The Gentle Art of Love; Ray; Some Wandering Bushmen; The Forks; What Was; Menage Blue.

Músicos: Harvie S: baixo acústico; Roni Ben-Hur: guitarra; Sylvia Cuenca: bateria.

Fonte: Troy Dostert (AllAboutJazz)

 

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