Joe Farnsworth cresceu em uma família musical e começou
tocando bateria quando jovem. Posteriormente, ele estudou e graduou-se pela William
Patterson College em Nova Jersey, onde o corpo de professores incluía Harold
Mabern e Cedar Walton, que seriam fundamentais para iniciar sua carreira. Ele atuou
com Benny Golson durante oito anos e passou a ser um nome bem demandado. Seu
estilo é profundamente enraizado nas tradições do bebop e do hard bop,
caracterizado por um sentimento rítmico bem conduzido, tempo impecável e uma
expressiva abordagem na improvisação. A partir daí, a lista de estrelas com as
quais ele tocou é tão diversa quanto os nomes dos líderes com as quais atuou
como George Coleman, Diana Krall, McCoy Tyner, Pharoah Sanders, Wynton Marsalis
e Harold Mabern para nomear alguns poucos.
O primeiro dos dois álbuns de Farnsworth para a Smoke
Session Records foram inicialmente sessões de trio com Kenny Barron e Peter
Washington, embora o primeiro tenha apresentado Wynton Marsalis em quatro
faixas. O título de seu último álbum para o selo faz a seguinte questão musical,
“In What Direction Are You Headed? – NT: Em que direção
você está indo?”. A resposta é ....Ele está indo em algum lugar totalmente
diferente.
Nas notas para o disco, Farnsworth explana, "Kurt
Rosenwinkel basicamente me ligou do nada; eu nunca o encontraria ou, realmente,
até ouvi-lo tocar. A semana [nós tocamos junto] no Vanguard abriu um
novo mundo de possibilidades para mim. Eu fiquei deslumbrado ao ouvir suas
composições e conhecer sua capacidade artística". Neste momento,
Farnsworth decidiu que seu próximo projeto seria construído em torno de Rosenwinkel.
Ele indica, "Kurt era o recurso; nós estávamos indo para fluir através do
seu espírito". Para reencher o som, ele trouxe Immanuel Wilkins para atuar
no sax alto. Junto com Robert Hurst no baixo e Julius Rodriguez nos teclados, a
direção foi solidificada.
A faixa título veio a ser peça central do álbum. Composta
pelo amigo e mentor de Farnsworth, Harold Mabern, é uma canção que ele diz que
sempre quis gravar. Após ouvir Rosenwinkel tocar, ele pensou na canção outra
vez. Em recente entrevista ele disse, "Eu acredito em um Higher Power
(Poder Superior), e eu lembro Harold Mabern falando para mim. Eu sabia que ele
estava me incentivando a me abrir para novos estilos de música. Era verdadeiro
para mim mesmo e deixou a música que há dentro de mim emergir". A faixa é
uma exploração de possibilidades. Wilkins e Rosenwinkel, particularmente, estão
impressionantes e Farnsworth sai da zona de conforto durante toda a música, mas
especificamente seu solo exibe-o tentando algo novo.
O álbum inicia com a primeira das três composições de Rosenwinkel,
"Terra Nova". A guitarra estabelece uma retaguarda etérea com uma
melodia cantada quase como uma flauta. Segue na simplicidade, bela balada, onde
Rosenwinkel e Wilkins tocam com fluidez lírica. "Filters", também, de
Rosenwinkel, é uma música típica do post-bop. Depois, ambos lideram,
simultaneamente, os solos. Isto cria um som muito interessante. A dinâmica de
seus estilos juntos é fascinante. Rodriguez exibe sua proficiência antes de Farnsworth
assumir um solo de dois minutos e antes do retorno da melodia.
"Composition 4" de Immanuel Wilkins é suave e delicada.
O estabelecimento da melodia por parte de Wilkins está apoiado no
acompanhamento sensível da guitarra antes do piano continuar o espírito.
Farnsworth é apenas ouvido aqui, permitindo aos outros membros estabelecer o
ritmo. Tem quase um sentimento da ECM Records. Julius Rodriguez é o
compositor de "Two Way Street". É uma incendiária post-bop. A seção
rítmica impulsiona o tempo, enquanto o saxofone alto e a guitarra tocam a melodia
em uníssono. Rosenwinkel assume o primeiro solo e rasga. Seu solo exibe estilo
angular e irregular, antes de Wilkins entrar em completo frenesi. Rodriguez tem
sua chance de prantear antes da banda negociar com Farnsworth antes de retornar
ao tema.
"Safe Corners" é outra adorável música de
Rosenwinkel onde ele exibe suas habilidades nos acordes, tocando sob Wilkins e
o solo. A abrangência das suas habilidades é estonteante. "Bobby No
Bags" é a contribuição de Farnsworth para o álbum. Uma peça tradicional
sem frescuras, inicia com Robert Hurst solando antes de todos da banda ter a
chance de unir-se ao balanço. A gravação encerra com "Someday, We'll All
Be Free", a balada esperançosa e edificante de Donny Hathaway. É dada uma
interpretação comovente realizada por todos antes que Rosenwinkel passe para
outro nível.
A gravação representa Farnsworth removendo suas "vendas"—sua
palavra— abraçando uma geração mais jovem de músicos. Wilkins e Rodriquez estão
na metade dos seus 20 anos e trazem nova abordagem e energia para a música. Ao
lado da versatilidade de Rosenwinkel, estilo e virtuosismo, a direção de
Farnsworth está sendo nova e emocionante.
Faixas: Terra Nova; Filters; In What Direction Are You
Headed?"; Composition 4; Two Way Street; Safe Corners; Bobby No Bags;
Someday We'll All Be Free.
Músicos: Joe Farnsworth: bateria; Immanuel Wilkins: saxofone
alto; Kurt Rosenwinkel: guitarra; Julius Rodriguez: piano; Robert Hurst: baixo.
Para conhecer um pouco deste trabalho, assistam ao vídeo
abaixo:
https://www.youtube.com/watch?v=fhsdu18CD8w
Fonte: Dave Linn (AllAboutJazz)
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