Quando o nativo de Nova York, Steve Lehman, lança um álbum, as
chances são de que apareça no topo das pesquisas de fim de ano. Se o compositor
& saxofonista tem uma fórmula para o sucesso, um ouvinte estaria
impossibilitado de discernir uma metodologia através dos seus dezesseis
lançamentos anteriores como líder. O que diferencia Lehman é a fome de
conhecimento e risco. Com os graus avançados que culminaram em um doutorado na Columbia
University, ele é um pesquisador, estudioso e Professor de Música no The
California Institute of the Arts. Não há duas gravações sob sua direção que
soem iguais, e ainda assim seu trabalho tem uma inconfundível sustentação.
Continuando sua década de longa associação com a Pi Recordings, Lehman reuniu
um trio incomum e o décimo quinto membro, a Orchestre National de Jazz (OJN)
para Ex Machina.
Lehman abraça a experimentação em sua música, mas parece
preferir a familiaridade na escolha dos seus trabalhos. O trompetista Jonathan
Finlayson e o vibrafonista Chris Dingman trabalharam durante a melhor parte dos
vinte anos de Lehman. O diretor Frédéric Maurin e Lehman compartilham a
composição no álbum, mas há um ponto fora da curva aqui. Dicy2, é o estado da
arte do software da Inteligência Artificial do Institute for Research and
Coordination in Acoustics/Music. É o uso em ““Ex Machina””, que vai além da
suplementação da performance da banda. Lehman e Maurin explanam nas suas notas
para o álbum, "Dicy2 foi também usado como uma ferramenta pré-composicional,
e integrou diretamente em nossos conceitos abrangentes de orquestração, ritmo e
forma".
"39" inicia o trabalho na tradição de um grupo de
jazz, mas a peça rapidamente desenvolve uma complexa algazarra, melodia e
barulho, uma tranquila paisagem sonora e um abrasivo alvoroço. "Los
Angeles Imaginary" é um caleidoscópio frenético de instrumentos de sopro
circulando e polirritmos. Ambas são típicas da energia primitiva em “Ex Machina”,
mas o tenor total do álbum muda com "Ode To akLaff". Lehman e Maurin elaboraram
intricadas peças musicais, que engajam múltiplos sensos. Muito de “Ex Machina”
sugere música espectral, concentrando nas propriedades acústicas em vez de
características dialetais. Nas ondas etéreas do som, o saxofone, vibrafone, o
piano de Bruno Ruder e o toque da bateria de Rafaël Koerner com avanço
emocionante e estimulante em solos.
"Speed-Freeze, Pt 1" é geralmente sem pressa, trotando
ao lado da melhor parte por 10 minutos antes de ir para "Pt 2". O
mesmo tema, aqui, se sente como estivesse mobilizado para o ataque, estridente
e agitado, regularmente puxado de volta para um pouco mais convencional, mas
repetidamente rompendo. "Le Seuil, Pt. 1" e "Pt. 2" de Maurin
são brilhantes misturas de clássico, livre improvisação e jazz. Os dois
combinados evocam o Savoy Ballroom e a paisagem sonora futurística de Sun Ra.
A presença da Inteligência Artificial em “Ex Machina” deve
ser um elefante na sala para alguns, mas não precisa ser um fator para ouvir. Perfeitamente
incorporada com instrumentação acústica e eletrônica, os elementos misturam-se
com as intenções de Lehman e Maurin. O álbum é um ato de malabarismo lindo e
desconcertante. Uma adição valorosa para o portfólio de Lehman.
Faixas: 39:
Los Angeles Imaginary; Camera; Alchimie; Ode To Aklaff; Jeux D'Anches; Les
Treize Soleils; Speed--Freeze (Part 1); Speed--Freeze (Part 2); Le Seuil (Part
1); Le Seuil (Part 2).
Músicos: Steve Lehman: saxofone alto, eletrônica; Jonathan
Finlayson: trompete; Chris Dingman: vibrafone Frédéric Maurin - direção,
eletrônica; Fanny Ménégoz: flauta,piccolo; Catherine Delaunay: clarinete, basset
horn; Julien Soro – saxofone tenor, clarinete; Fabien Debellefontaine: saxofone
barítono, clarinete, flauta; Fabien Norbert: trompete, flugelhorn; Daniel
Zimmermann: trombone; Christiane Bopp: trombone; Fanny Meteier: tuba; Bruno
Ruder : piano, sintetizador; Stéphan Caracci: vibrafone, marimba, glockenspiel,
percussão, sintetizador; Rafaël Koerner: bateria; Sarah Murcia: baixo; Jérôme
Nika: criação eletrônica generativa & colaboração artística; Dionysios
Papanikolaou: IRCAM eletrônica.
Para conhecer um pouco deste trabalho, assistam ao vídeo
abaixo:
https://www.youtube.com/watch?v=hGdfc1DZaxI
Fonte: Karl
Ackermann (AllAbouJazz)
Nenhum comentário:
Postar um comentário