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quarta-feira, 20 de março de 2024

ANTONIO FLINTA - PERIPHERAL SONGS

Em Julho de 2021, o chileno, compositor e pianista, residente na Itália, Antonio Flinta, realizou uma gravação no estúdio próximo a Florença para seu primeiro álbum de piano solo. Espontaneidade e frescor da expressão foram os objetivos. Em duas horas, ele apresentou vinte peças—improvisações, reinterpretações e inéditas. O resultado inicial deste trabalho foi uma produção independente, “Secrets of a Kiri Tree (2022), um dos trabalhos mais finos daquele ano.

Porém, houve música que não fez o corte. Independentemente da razão, não houve ausência de qualidade, acessibilidade ou beleza. Realmente, a música em “Peripheral Songs”, selecionada da mesma sessão de gravação, que resultou em “Songs Of A Kiri Tree”, é como um fluxo livre, moderno e adoravel como os sons oferecidos em seu antecessor, iniciando com "Improvisation #1", a primeira coisa que Flinta tocou naquele dia em que ele se acomodou ao piano e compôs a melodia de uma só vez, sem edição, sem refazer. E, para parafrasear o autor Kurt Vonnegut, "Então foi".

Se foi absolutamente necessário começar as coisas com uma peça improvisada—Flinta diz assim, e pode se acreditar, dada a qualidade e coesão de “Peripheral Songs” —foi também necessário tocar algo familiar, "I Loves You Porgy" de George Gershwin Inspirada pela tomada de Bill Evans para a canção, Flinta manteve as coisas atadas com a relativa simplicidade da melodia— alguém já escreveu um mais bonito? — com sua profunda ruminação neste clássico duradouro e na espontaneidade da peça. O YouTube dispõe de vídeos de pianistas tocando em aeroportos. Não há indicação de que Flinta esteja entre eles, mas o considere vagando por um, solitário, saindo da multidão, sentando e apresentando seu improviso em música belamente orgânica em um dos lugares mais artificiais do planeta—tudo de aço e vidro e ângulos acentuados, pisos polidos em diferentes dimensões. Isto poderia, seguramente, parar os viajantes ansiosos em suas pistas e fazê-los colocar de lado seus telefones celulares conforme Flinta os transporta de uma experiência profana com uma recuperação de Gershwin.

"Cycles And Rhymes" (ou haicais, cigarras, cometas e estações, sabendo ou não, todos nós rimamos), uma inédita de Flinta, é solene e celebratória.

"Crystal Silence" de Chick Corea encerra o trabalho com uma vibração de majestosa introspecção, soando como uma pesquisa de uma verdade profunda, de acordo com tudo do disco que o precedeu.

Faixas: Improvisation #1; Cycles and Rhymes; I Loves You Porgy; A Tree A Star; Let All Be Thanks; Tilsa; Crystal Silence.

Fonte: Dan McClenaghan (AllAboutJazz)

 

 

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