playlist Music

quinta-feira, 28 de março de 2024

MILES DAVIS – MILES DAVIS WITH TADD DAMERON REVISITED (Ezz-thetics)

1949 foi um ano de mudança massiva de Miles Davis, e não de uma boa maneira. Começou, em Janeiro, com ele frente à primeira das sessões de gravação, feito com um noneto, que veio a ser genericamente conhecido como “The Birth Of The Cool” e que, se ele não tivesse conseguido mais nada de nota, lhe teria assegurado um lugar permanente na história do jazz. Encerrou com ele amarrado à heroína, um vício que inverteu a sua ascensão e que demorou quatro anos para ser superado. O ponto no qual a trajetória Davis girou foi no início do verão em que ele atuou no concerto no Salle Pleyel Hall in Paris e seu imediato resultado. Sobre o qual, veremos mais daqui a pouco.

Algumas das performances de Davis em Paris foram transmitidas pela rádio francesa e estas formam a maior parte de “Miles Davis With Tadd Dameron Revisited”, que é subintitulada “Live 1949 At The Royal Roost NYC & In Paris At Festival International De Jazz”. O álbum reúne seis faixas gravadas no Roost em Fevereiro e nove em Salle Pleyel em Maio. Em Nova York, Davis coliderado pela Big Ten de Tadd Dameron, em Paris o Miles Davis/Tadd Dameron Quintet. Kenny Clarke foi o baterista nos dois trabalhos, fora isto, os instrumentistas diferem (detalhes abaixo).

As sessões de noneto, que tinham sido precedidas de tomadas do mesmo material de Roost em Setembro de 1948, não criaram um impacto instantâneo na audiência de jazz de Nova York, realmente, ruídos no ar sugerem que alguns participantes do Roost estiveram seriamente desiludidos, mas foram sucesso entre os músicos. Pela primeira vez, Davis saiu da sua percepção como "apenas" um acompanhante de Charlie Parker e o estabeleceu-se como um líder em sua própria forma.

A autoconfiança de Davis, nunca ausente, deve ter sido ainda mais impulsionada. Certamente, na altura em que chegou a Paris em Maio de 1949, fez soar as trombetas. Suas performances no Salle Pleyel e atuações nos clubes de jazz parisienses, foram amplamente aclamados e ele fez festa onde quer que fosse. Ele teve um caso apaixonado com a atriz Juliette Greco e passava a tarde no café da Left Bank com ela e seu amigo, o filósofo existencialista Jean-Paul Sartre, duas grandes mega estrelas intelectuais e culturais da França. As faixas do Salle Pleyel em “Miles Davis With Tadd Dameron Revisited”, feito entre 8 e 15 de Maio, refletem tudo isto. Davis soa supremamente no topo do jogo, sua ampla entonação aberta e extrovertida, seu ataque agressivo. Ele frequentemente sai da sua posição padrão no meio do registro do trompete e vai os seus registros superiores. E ele toca furiosamente rápido. Este é Davis no seu auge do período inicial.

Porém, a viagem a Paris foi bastante breve e Davis desceu com um abalo assim que voltou para Nova York. Trabalhos eram duros de ser encontrados e ele era uma vez mais um homem negro em uma arte subavaliada na sociedade dominada por pessoas brancas. Heroína estava em todos os lugares e Davis recorreu a ele para consolo.

As faixas em “Miles Davis With Tadd Dameron Revisited” formas todas lançadas anteriormente, mas a qualidade do áudio é a melhor já obtida, algo para a qual a Ezz-thetics utilizou a sonoridade do restaurador do selo e rei da masterização, Michael Brändli, merece uma saudação. Os ares de Nova York são em grande parte irredimíveis, mas aqueles de Paris são mais importantes e com eles Brändli teceu a sua magia habitual.

Faixas : At The Royal Roost : Good Bait; Focus; April In Paris; Webb’s Delight; Milano, Casbah. In Paris: Rifftide; Good Bait; Don’t Blame Me; Wha Hoo; Allen’s Alley; Embraceable You; Ornithology; All The Things You Are.

Músicos   Miles Davis: trompete; Tadd Dameron: piano; Kai Winding: trombone; Benjamin Lundy: saxofone tenor; James Moody: palhetas; Sahib Shihab: palhetas; Cecil Payne: saxofone barítono; John Collins: guitarra elétrica; Curly Russell: baixo acústico; Barney Spieler: baixo acústico; Kenny Clarke: bateria; Carlos Vidal: congas.

Instrumentação adicional At The Royal Roost: Miles Davis: trompete; Kai Winding: trombone; Benjamin Lundy: saxofone tenor; Sahib Shihab: saxofone alto; Cecil Payne: saxofone barítono; John Collins, guitarra; Tadd Dameron: piano; Curly Russell: baixo; Kenny Clarke: bateria; Carlos Vidal, conga. In Paris: Miles Davis, trompete; James Moody, saxofone tenor; Tadd Dameron, piano; Barney Spieler, baixo; Kenny Clarke, bateria.

Fonte: Chris May (AllAboutJazz)

 

 

Nenhum comentário: